Paz,
Octavio – O arco e a Lira
“Poesia e
Poema”
A
poesia é conhecimento. A atividade poética é capaz de transformar o mundo
através da sublimação e condensação do inconsciente. A Poesia nega a história,
pois em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, a
consciência de ser algo mais que passagem. O poema é um caracol onde ressoa a
música do mundo, é métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, de
harmonia universal.
A
poesia demonstra os sentimentos humanos, amor, canção, tragédia. Só no poema a
poesia se recolhe e se revela plenamente. O poema é um organismo verbal que
contém, suscita ou emite poesia. Essas atividades verbais são susceptíveis de
mudar de signo e de transformar em poemas: desde a interjeição até o discurso
lógico.
A
poesia não é a soma de todos os poemas. Por si mesma, cada criação poética é
uma unidade auto-suficiente. Cada poema é único.
Pois
todas as línguas e nações possuem a poesia que se enquadram em determinadas
situações e nos momentos históricos. Dentro da produção de cada poeta, cada
obra é única, isolada e irredutível. A única característica de todos os poemas
é que são obras feitas pelos seres humanos.
A
chamada “técnica poética” é uma invenção que só serve para o seu criador. O
estilo é o ponto de partida de todo o projeto criado; por isso mesmo, todo
artista aspira a transcender esse estilo comum ou histórico. O poeta utiliza,
adapta ou imita o estilo de seu tempo, porém modifica todos esses materiais e
realiza uma obra única. Os poetas transformam a linguagem em atos poéticos sem
repetição: imagens, cores, visões. Por exemplo, os poemas: Góngora transcende o
estilo barroco, Garcilaso, o toscano e Rubén Dario o modernismo. Os estilos se
modificam com o passar de tempo, os poemas permanecem, porque são uma unidade
auto-suficiente, um exemplar isolado, que não se repetirá jamais.
Um
quadro, uma escultura, uma dança são à sua maneira, poemas. E essa maneira não
é muito diferente da do poema ser feito com palavras. As diferenças entre
palavra, som e cor divulgam a unidade essencial das artes. Em vários casos,
cores e sons possuem maior capacidade evolutiva do que a fala. Como por
exemplo, os astecas, cristões e a antiga civilização chinesa. O poder
significante do som, o emprego de expressões como harmonia, ritmo ou
contraponto para qualificar as ações humanas.
As
diferenças entre o idioma falado e escrito e os outros - plásticos e musicais -
são profundas, mas todos usam a linguagem: sistemas expressivos dotados de
poder significativo e comunicativo. Os pintores, músicos, escultores não usam
materiais de composição elementos especialmente distintos como os utilizados
pelo poeta.
Moral,
filosofia, costumes, artes, tudo o que constitui a expressão de um determinado
tempo participa do que chamamos estilo. No interior de um estilo é possível
descobrir o que separa um poema de um tratado em verso.
O
destino da linguagem nas mãos de prosadores e poetas nos demonstram a diferença
do sentido das significações.
A
forma da prosa é o discurso, pois as palavras aspiram a constituir um
significado unívoco. Esse trabalho implica reflexo e analise. Cada palavra, à
parte suas propriedades físicas, encerra uma pluralidade de sentidos. A
linguagem falada está mais perto da poesia do que da prosa.
No
poema a linguagem recupera sua originalidade primitiva que se impões a prosa e
a fala cotidiana. A reconquista de sua natureza é total e afeta os valores
sonoros e plásticos com os valores significativos. A palavra poética é ritmo,
cor, significado, pois a poesia converte a pedra, a cor, a palavra e o som em
imagens. O poema está mais além da linguagem, mas só pode ser conseguido
através da linguagem. O poeta é o servo da linguagem.
O
poeta é o artista criador de imagens com os seus poemas. O fato de serem
imagens leva as palavras, sem que deixem de ser elas mesmas, a transcenderem a
linguagem, enquanto sistema dado de significações históricas.
Cada
leitor procura algo no poema. Pois através do poema vislumbramos o raio fixo da
poesia. Esse instante contém todos os instantes. Sem deixar de fluir, o tempo
se detém, repleto de si. O poeta cria imagens, poemas; o poema faz do leitor
imagem, poesia.
Pois
o poema é via de acesso ao tempo puro, imersão nas águas originais da
existência. A poesia não é nada senão, ritmo perpetuamente criador.
No
capitulo Poesia e Poema o autor Octavio Paz explica o significado da poesia e
poema. Através da poesia o poeta consegue demonstrar os seus sentimentos,
delatar as injustiças deste mundo e a sua vontade de viver em paz e harmonia
com os outros seres humanos. O leitor quando lê um poema sente fortes emoções,
pois consegue revelar o seu amor à pessoa amada. E quando a poesia denuncia as
injustiças o leitor procura ser solidário e luta pelos direitos dos cidadões.
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