quarta-feira, 21 de março de 2018

Poesia e Poema

Paz, Octavio – O arco e a Lira
“Poesia e Poema”
 
A poesia é conhecimento. A atividade poética é capaz de transformar o mundo através da sublimação e condensação do inconsciente. A Poesia nega a história, pois em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, a consciência de ser algo mais que passagem. O poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, é métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, de harmonia universal.
A poesia demonstra os sentimentos humanos, amor, canção, tragédia. Só no poema a poesia se recolhe e se revela plenamente. O poema é um organismo verbal que contém, suscita ou emite poesia. Essas atividades verbais são susceptíveis de mudar de signo e de transformar em poemas: desde a interjeição até o discurso lógico.
A poesia não é a soma de todos os poemas. Por si mesma, cada criação poética é uma unidade auto-suficiente. Cada poema é único.
Pois todas as línguas e nações possuem a poesia que se enquadram em determinadas situações e nos momentos históricos. Dentro da produção de cada poeta, cada obra é única, isolada e irredutível. A única característica de todos os poemas é que são obras feitas pelos seres humanos.
A chamada “técnica poética” é uma invenção que só serve para o seu criador. O estilo é o ponto de partida de todo o projeto criado; por isso mesmo, todo artista aspira a transcender esse estilo comum ou histórico. O poeta utiliza, adapta ou imita o estilo de seu tempo, porém modifica todos esses materiais e realiza uma obra única. Os poetas transformam a linguagem em atos poéticos sem repetição: imagens, cores, visões. Por exemplo, os poemas: Góngora transcende o estilo barroco, Garcilaso, o toscano e Rubén Dario o modernismo. Os estilos se modificam com o passar de tempo, os poemas permanecem, porque são uma unidade auto-suficiente, um exemplar isolado, que não se repetirá jamais.
Um quadro, uma escultura, uma dança são à sua maneira, poemas. E essa maneira não é muito diferente da do poema ser feito com palavras. As diferenças entre palavra, som e cor divulgam a unidade essencial das artes. Em vários casos, cores e sons possuem maior capacidade evolutiva do que a fala. Como por exemplo, os astecas, cristões e a antiga civilização chinesa. O poder significante do som, o emprego de expressões como harmonia, ritmo ou contraponto para qualificar as ações humanas.
As diferenças entre o idioma falado e escrito e os outros - plásticos e musicais - são profundas, mas todos usam a linguagem: sistemas expressivos dotados de poder significativo e comunicativo. Os pintores, músicos, escultores não usam materiais de composição elementos especialmente distintos como os utilizados pelo poeta.
Moral, filosofia, costumes, artes, tudo o que constitui a expressão de um determinado tempo participa do que chamamos estilo. No interior de um estilo é possível descobrir o que separa um poema de um tratado em verso.
O destino da linguagem nas mãos de prosadores e poetas nos demonstram a diferença do sentido das significações.
A forma da prosa é o discurso, pois as palavras aspiram a constituir um significado unívoco. Esse trabalho implica reflexo e analise. Cada palavra, à parte suas propriedades físicas, encerra uma pluralidade de sentidos. A linguagem falada está mais perto da poesia do que da prosa.
No poema a linguagem recupera sua originalidade primitiva que se impões a prosa e a fala cotidiana. A reconquista de sua natureza é total e afeta os valores sonoros e plásticos com os valores significativos. A palavra poética é ritmo, cor, significado, pois a poesia converte a pedra, a cor, a palavra e o som em imagens. O poema está mais além da linguagem, mas só pode ser conseguido através da linguagem. O poeta é o servo da linguagem.
O poeta é o artista criador de imagens com os seus poemas. O fato de serem imagens leva as palavras, sem que deixem de ser elas mesmas, a transcenderem a linguagem, enquanto sistema dado de significações históricas.
Cada leitor procura algo no poema. Pois através do poema vislumbramos o raio fixo da poesia. Esse instante contém todos os instantes. Sem deixar de fluir, o tempo se detém, repleto de si. O poeta cria imagens, poemas; o poema faz do leitor imagem, poesia.
Pois o poema é via de acesso ao tempo puro, imersão nas águas originais da existência. A poesia não é nada senão, ritmo perpetuamente criador.
 
No capitulo Poesia e Poema o autor Octavio Paz explica o significado da poesia e poema. Através da poesia o poeta consegue demonstrar os seus sentimentos, delatar as injustiças deste mundo e a sua vontade de viver em paz e harmonia com os outros seres humanos. O leitor quando lê um poema sente fortes emoções, pois consegue revelar o seu amor à pessoa amada. E quando a poesia denuncia as injustiças o leitor procura ser solidário e luta pelos direitos dos cidadões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário