Veronica era professora de língua
portuguesa a vinte e dois anos, seus filhos estavam estudando na faculdade.
Apesar dos problemas no serviço sempre gostou desta profissão. Pois
contribuindo com a educação escolar estava ajudando a construir um mundo
melhor. Ela morava na cidade Alvorada Brilhante, neste ano foi lecionar na
Escola Padre José de Anchieta localizada no bairro Boa Esperança. Neste local
havia pessoas carentes, moravam em casas simples e vestiam roupas comuns.
Apesar das dificuldades sorriam felizes.
Nesta escola Veronica daria aula de
manhã em uma classe de sexta série e na parte da tarde em outra da sétima série.
Animada afirmava ajudar no ensino
da língua portuguesa a leitura de
livros, jornais e revistas. No primeiro dia de aula comunicaram que a aluna
Ester da sexta série era excepcional. Além da deficiência mental era nervosa,
não gostava de tomar banho e pentear os cabelos. Com doze anos frequentava a
escola porque a mãe dela trabalhava de merendeira. Sendo uma mulher divorciada não
tinha outro lugar para deixar a filha. Veronica notou Ester sentir-se excluída
da sociedade, por isto decidiu ajuda-la
a melhorar sua aprendizagem em ler e escrever. Aproximou-se dela, com paciência
a ensinava como escrever palavras e ler pequenos textos e poesias.
Vagarosamente começou a mudar o comportamento de Ester, pois começou a gostar
de tomar banho e penteava os seus cabelos. Enquanto ela se divertia lendo e
escrevendo não perturbava mais as aulas com o seu nervosismo.
Na mesma sala de aula após dois
meses a professora percebeu as dificuldades do aluno Josias em falar a língua
portuguesa corretamente. Na redação do menino tinha muitas palavras escritas
erradas, havia problemas de regência. A mãe dele era semianalfabeta. Sorrindo
Veronica comentou que o menino não deveria colocar na linguagem escrita todas
as palavras utilizadas na linguagem falada. Quando ele fizer uma redação
precisa obedecer as normas de gramatica. Chateado Josias afirmou que iria
abandonar a escola por ter dificuldades nos estudos. Sorrindo a professora
pediu para ele se acalmar, com seus doze anos teria que aprender muitas
disciplinas escolares. Pediu para fazer varias redações e as entregar a ela,
assim iria ajuda-lo a corrigir os seus erros gramaticais e o orientaria para
fazer boas redações. Comovido Josias abraçou a professora.
Passadas duas semanas Madalena
professora de inglês comentou que na sétima série da tarde estava tendo
problemas em ensinar a língua estrangeira a Rute. No outro dia quando falou
good morning ela ficou brava por detestar jogar gude. Os outros alunos riram,
precisou explicar que se confundiu, a palavra good morning traduzida em
português significa bom dia.
Na ultima aula depois de escrever na
lousa os dias da semana em inglês quando leu Sunday a aluna Rute comentou estar
com vontade de chupar sundae. Os outros
estudantes riram, precisou explicar que Sunday quando é traduzido significa
domingo. Aquela adolescente se confundia na aprendizagem da língua inglesa,
precisava fazer uma revisão da língua portuguesa. Veronica percebeu que além
dela os outros alunos precisavam compreender melhor a língua portuguesa. Pediu
para lerem o livro A Língua de Eulália de Marcos Bagno. Desejando melhorar a
gramatica dos seus alunos utilizaria o livro Moderna Gramatica Portuguesa de
Evanildo Bechara. Animada comentou que faria uma revisão de língua portuguesa,
pois os estudantes iriam melhorar a sua compreensão na língua portuguesa.
Passados dez dias Veronica retirou
metade do seu pagamento no caixa eletrônico antes de ir à escola. Enquanto
lecionava na sétima série escreveu um exercício na lousa. Enquanto os alunos o
faziam retirou da bolsa sua carteira e começou a contar o dinheiro. Vários
estudantes se aproximaram dela pedindo explicações. No intervalo quando foi
pagar o perfume à outra professora havia desaparecido duas notas de R$100,00.
Ficou desconfiada que alguém roubou este
dinheiro. Retornou a sala de aula, chateada pediu para devolverem as duas notas
de dinheiro.
Os alunos negaram tê-la roubado,
alguns olhavam a Miquéias acusando-o do roubo. Este adolescente mulato tinha
treze anos e morava na casa da avó Maria. O pai dele vivia em outra cidade e a
mãe trocava de namorado toda semana. Há
dez meses o irmão João viciado em drogas morreu baleado enquanto assaltava uma
lanchonete. Bravo Miquéias mandou revistarem as suas coisas porque o acusavam
de ter cometido um crime. Após conversarem por trinta minutos nervosa Veronica
pediu desculpas por aquele ato inconveniente.
Passados alguns dias numa
sexta-feira os alunos e professores da Escola Padre José de Anchieta foram
passear com vários ônibus na fazenda Estrela Dourada. Como era um lugar
histórico tinha uma mansão e a igreja construídas no inicio do século XX.
Criavam frangos, ovelhas e gado. Animados mostravam essas novidades aos alunos.
Neste dia foram mais duas escolas visitarem este local.
Depois do almoço uma aluna de uma
escola particular não encontrou o telefone celular novo em sua bolsa. Aflita
comentava ter sido roubada. De repente olhou para Miquéias e gritou que aquele
cara a encarava desde que chegou na fazenda. Talvez foi ele quem roubou o seu smartphone. Confuso o rapaz não a conhecia e estavam
acusando-o de um roubo. Ester, Rute e Josias
defenderam o amigo. Houve uma discussão, os quatro adolescentes saíram
correndo do restaurante. Após quarenta minutos a faxineira encontrou um
telefone celular no banheiro feminino. O gerente conversou com os professores.
Este smartphone era o da moça que pensava ter sido roubada, mas o esquecera no
toalete.
Às dezesseis horas os ônibus
retornariam as escolas. Não entraram no veiculo Miquéias, Josias, Rute e Ester.
Os professores e funcionários começaram a procura-los na fazenda. Veronica
dirigiu-se a lagoa, contente encontrou os seus alunos. Contou que aquela moça
esqueceu o telefone celular no banheiro. Chateado Miquéias pediu desculpas,
pois estava desesperado quando pegou os R$200,00 da professora. O namorado da
mãe dele roubou a aposentadoria da avó Maria, precisavam comprar comida e
remédio. Veronica o perdoou, quando ele
tivesse algum problema deveria pedir
ajuda na escola.
Emocionados eles se abraçaram. Então
ouviram um trovão, em breve choveria. Começou a ventar, acharam melhor retornar
a sede da fazenda. Devido ao temporal entraram em uma casa velha. As alunas sentiram
medo, com trovões e relâmpagos Veronica ficou nervosa. Josias e Miquéias viram
as paredes desta construção feitas com madeiras balançarem, pois estavam
deterioradas. Assustados foram ao porão. Passados alguns minutos a casa
desmoronou. Desesperados gritaram, apesar do susto não se feriram, mas estavam
presos no porão. Apavoradas Ester e Rute choravam.
Assustados ouviram o barulho dos
trovões, estavam presos em um porão escuro.
A professora abraçou as duas alunas e comentou que deveriam rezar a Deus
para enviar alguém e os libertar desta prisão. Ester com sua mão direita pegou
do seu cordão uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do
Brasil. Sorrindo falou que todas as vezes que precisou a Mãezinha do Céu sempre
a socorreu. A devoção de Nossa Senhora Aparecida surgiu no dia 12 de outubro em
1717 quando três pescadores no rio Paraíba do Sul a pegaram em suas redes.
Primeiro apareceu uma escultura
representando uma mulher e estava sem cabeça. A seguir lançaram as redes
no rio, quando a puxaram de volta encontraram a cabeça esculpida. Colocando-a
ao lado do corpo notaram que eram partes de uma mesma peça a imagem de Nossa Senhora
Aparecida. A imagem feita de barro escuro e com suave sorriso no rosto
encantava as pessoas. Esta escultura foi um grande presente de Deus a América
Latina. Desde a sua aparição milhões de pessoas foram convertidas e conseguiram
graças perante a sua intercessão.
Rute afirmou ser devota de Nossa
Senhora que apareceu aos irmãos Jacinta com nove anos, Francisco com dez anos e
a prima Lúcia no dia 13 de maio de 1917 em Fátima, Portugal. A Santa apareceu
por seis vezes aos pastorzinhos sempre no dia 13 de cada mês, sua ultima
aparição foi no dia 13 de outubro de
1917 . Nossa Senhora pedia a conversão dos pecadores. Além de Nossa Senhora a
adolescente rezava e pedia a intercessão dos irmãos Jacinta e Francisco Marto.
No dia 13 de maio de 1917 o Papa Francisco os canonizou. O menino Francisco era
chamado de “o consolador” porque desejava consolar as pessoas com a oração de
Nossa Senhora. Ele sempre tinha o terço nas mãos, faleceu em 04 de abril de
2019 de febre espanhola. Após dez meses no dia 20 de fevereiro de 1920 Jacinta
morreu no hospital em Lisboa. A menina ofereceu o seu sofrimento pela conversão
dos pecadores. Depois do falecimento dos irmãos a fama de santidade deles se
espalhou pelo mundo. Comovida Rute
rezava aos pastorzinhos pedindo suas intercessões a Deus naquele momento
difícil.
Josias iria rezar ao Papai do Céu
pedindo a ajuda dele. Vários lideres religiosos transformaram Deus Pai em um tirano
afirmando se não seguirmos os ensinamentos do Criador os nossos espíritos irão ao inferno quando morrermos.
Outros são conformistas, pois quando veem o sofrimento dos nossos semelhantes
carentes cometam que serão compensados quando morrerem, Deus os receberá no
céu. Eles não fazem nada para construírem um mundo mais fraterno. O Papai do
Céu é amor e vida. Deseja ver os seus filhos cuidando-se uns dos outros e
apreciando a natureza. Emocionado rezou o salmo 65, 2-4:
O Deus verdadeiro é assim
Ó Mestre, tu mereces um hino em
Sião.
Nós viemos aqui pagar as promessas,
Porque tu ouves as súplicas.
Todas as pessoas vêm a ti
Por causa de seus pecados.
Nossas faltas nos esmagam,
Mas tu perdoas nossas culpas.
Miquéias rezou a Jesus Cristo porque
amou tanto os seres humanos que morreu crucificado e ressuscitou no terceiro
dia para liberta-los do pecado. Em vez de amor e solidariedade muitos ensinam a
juventude a resolverem os seus problemas através da violência. Em muitos
bairros carentes as crianças e adolescentes sentiam fome, não possuíam
vestuário, sofriam preconceitos e discriminações. Além de não serem amados eram incentivados a
roubar. O finado irmão João admirava o chefe da quadrilha dos bandidos.
Emocionado Miquéias contou que a sua
avó Maria desde pequeno o levava na igreja, gostava de participar das
celebrações religiosas. O seu herói era
Jesus Cristo, pois deixou belos ensinamentos e boas ações, acolheu doentes,
prostitutas, pecadores, os excluídos da
sociedade. Recitou o sermão da montanha: Jesus viu as multidões, subiu à
montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a
ensina-los: “Felizes os pobres em espirito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os que têm fome e sede de
justiça, porque serão saciados. Felizes os puros de coração, porque verão a
Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do
Céu. Felizes vocês, se forem insultados
e perseguidos, e se disserem todo tipo
de calúnia contra vocês, por
causa de mim. Fiquem alegres e contente, porque será grande para vocês a
recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês”’ (Mt5, 1-12).
Veronica parabenizou os alunos pelas
belas mensagens. Achava melhor começarem a rezar as orações do Pai-Nosso e Ave-Maria.
Passadas umas três horas ouviram o barulho de um veiculo e dois homens
conversando sobre o desmoronamento da casa velha. Aflitos gritaram pedindo
ajuda. O gerente da fazenda chamou os bombeiros, com a ajuda de alguns
funcionários retiraram os entulhos. Após trinta minutos conseguiram tirar as
madeiras velhas que cobriam a entrada do porão. Ajudaram os jovens e a
professora saírem deste lugar. Eles foram levados ao hospital, apesar do susto
estavam bem. O dono da fazenda os convidou para almoçarem neste lugar no
próximo final de semana acompanhados de seus familiares. No domingo às dez horas
dirigiram-se a igreja para participarem da celebração religiosa. Veronica,
Ester, Rute, Josias e Miquéias agradeceram a Santíssima Trindade por tê-los
socorridos naquele temporal. Emocionados recitaram O cântico de Maria:
“Minha alma proclama a grandeza do
Senhor,
Meu espirito se alegra em Deus, meu
salvador.
Porque
olhou para a humilhação de sua serva.
Doravante todas as gerações me
felicitarão,
Porque o Todo-Poderoso realizou
grandes obras em meu favor:
Seu nome é santo, e sua misericórdia
chega aos que o temem, de geração em geração.
Ele realiza proezas com seu braço:
Dispersa os soberbos de coração,
derruba do trono os poderosos e eleva os
humildes;
Aos famintos enche de bens, e
despede os ricos de mãos vazias.
Socorre Israel, seu servo, lembrando-se
de sua misericórdia,
- Conforme prometera aos nossos pais
- em favor de Abraão e de sua descendência para sempre” (Lc 1, 46-56).
Bibliografia:
Pa.
Reginaldo Manzotti apresenta Nossa Senhora
Aparecida / Pa. Reginaldo Manzotti e Carolina Chagas – 1 ed. – Rio de
Janeiro: Petra, 2015.
Site
- padrepauloricardo.org
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