domingo, 3 de setembro de 2017

A Raça Humana Perfeita

Nicholas com 17 anos se achava um homem de sorte, pois era loiro, de olhos verdes, as mulheres sempre o elogiavam chamando-o de lindo. Seu pai era dono de uma fabrica de moveis localizada na cidade Rio Prateada. Este jovem sempre estudou em escola particular, tirava notas boas em provas e sabia falar inglês e espanhol. Como era saudável sonhava em completar 18 anos para ser maior de idade, ganharia do seu pai um automóvel importado.
Ele estudava no terceiro ano do ensino médio, no final do ano prestaria vestibular para estudar na universidade o curso de engenharia eletrônica. Na escola as moças diziam que com sua beleza poderia ser ator ou modelo, pois ficaria famoso e ganharia bastante dinheiro. Sorrindo respondia que era filho de um homem rico, seu pai sempre atendia os seus pedidos.
Alguns o achavam convencido, Nicholas com sua beleza dizia ter sido selecionado, pois fazia parte da raça humana perfeita. No sábado do mês de abril os seus amigos o convidaram para ir a uma festa. Ele era filho único, a sua mãe havia falecido há dois anos e seu pai foi viajar. Como era menor de idade pegou escondido o automóvel importado do pai e foi se encontrar com os amigos. As amigas Ellen, Ana e Laura o elogiaram porque ficava mais lindo dirigindo aquele belo carro. Eduardo o chamou de louco, ele não podia dirigir o veiculo sem a carteira de motorista. Rindo ele falou que deveriam esquecer os problemas da vida e se divertirem um pouco. As três amigas e o amigo entraram no automóvel e foram à festa.
Os jovens se divertiram neste evento, riram, conversaram, beberam bebidas alcoólicas e usaram drogas. Às quatro horas da madrugada decidiram retornar para casa. Quando passavam em frente da praça Nicholas estacionou o automóvel, pois junto com Eduardo iriam fazer uma serenata amorosa as amigas. Eles saíram do veiculo, começaram a cantar. Passados uns quinze minutos viram dois homens dormindo debaixo de uma arvore.
- Eu detesto moradores de ruas, falou Ellen.
- Eles são vermos que foram expulsos da sociedade, falou Eduardo.
- Os moradores de ruas são seres inferiores e não possuem lugar para morar, falou Ana.
- Eles pedem esmolas, roubam e transmitem doenças, falou Laura.
- Esses seres são um perigo para a sociedade, acho melhor eliminá-los agora, falou Nicholas.
Assustada Ana falou:
- É crime machucar um ser humano.
- Meninas vocês não desejavam fortes emoções, vamos nos divertir agora, falou Eduardo rindo.
- Vamos embora desta praça e deixar essas pessoas em paz, falou Ellen.
Nicholas abriu a porta do carro, pegou um vidro de uísque e perguntou:
- O que vocês acham de jogarmos esta bebida naqueles caras e colocarmos fogo neles?
As três moças ficaram assustadas, comentaram que nunca fariam esta loucura e saíram correndo dali. Animado Eduardo falava que não iria deixar o amigo se divertir sozinho. Os dois se aproximaram dos moradores de ruas, jogaram uísque neles, com um isqueiro Nicolas colocou fogo neles. Os dois homens acordaram assustados e pegando fogo enquanto os rapazes riam. Então parou o carro de policia, os policiais foram socorrer os homens. Os rapazes saíram correndo, entraram no veiculo e foram embora. Devido ao acontecimento varias pessoas foram à praça ajudar as vitimas. Um homem anotou a placa do automóvel importado antes deles partirem.
Os dois moradores de rua foram levados ao hospital, tiveram partes dos seus corpos com queimaduras graves e ficaram internados. No domingo às dez horas os policiais foram a casa do filho do empresário. Ele acordou assustado, não se lembrava o que tinha acontecido no sábado. O acusaram de agressão e tentativa de homicídio, como era menor de idade não puderam prendê-lo, foi encaminhado a uma instituição de menores infratores da lei. Eduardo também tinha 17 anos, neste local encontrou o amigo. Apenas afirmava que tentou eliminar seres infratores que poderiam prejudicar a sociedade.
Por sorte os dois moradores de rua foram socorridos, o homem mais velho teve queimaduras nos braços e nas costas, o outro teve queimaduras nos braços, pescoço e no membro inferior da perna esquerda. Nicholas estava enganado quando chamava as vitimas de seres inferiores, pois o que teve menos ferimento chamava-se Mauricio Alberto Sousa, era professor universitário, estava dormindo na rua para pesquisar e fazer a tese do pós-doutorado. O outro chamava-se José Pedro Silva, morava na rua porque estava desempregado, era viciado em bebidas alcoólicas, tentou agredir a esposa e os dois filhos.
O pai do Nicholas precisou retornar da viagem no domingo, contratou um advogado, libertaram os rapazes na segunda-feira. A cidade Rio Prateado tinha 500.000 habitantes. O professor Mauricio estudava o comportamento dos seres humanos, decidiu incluir o ato infrator dos adolescentes nas suas pesquisas. Conversou com o juiz, achou que seria interessante os dois rapazes trabalharem como voluntários no centro comunitário do bairro mais pobre da cidade uma vez por semana durante seis meses. Passados sessenta dias o juiz deu a sentença ao Nicholas e Eduardo para repararem o erro cometido. Eles ficaram bravos, mas não tiveram outra opção, porque deveriam ir todos os sábados dos próximos seis meses cumprirem a sentença. Na sexta-feira Eduardo foi a um baile com o primo, quando retornavam a casa sofreram um acidente de moto. O rapaz quebrou duas costelas e a perna direita.
No sábado Nicholas precisou ir sozinho no centro comunitário do bairro. Quando chegou neste local encontrou o professor Mauricio, as suas queimaduras haviam cicatrizado, naquele dia deu uma palestra na instituição. As 10:00 horas ele começou a falar:
O ser humano possui qualidades e defeitos. O seu comportamento é influenciado pelas pessoas de sua convivência. Em sua vida pode ser bom ou mal. Darei dois exemplos de homens importantes na historia da humanidade:
Ivan, o Terrível (1530 – 1581) – Ivan IV governou a Rússia, expandiu o seu domínio do Oriente até a Sibéria. O seu governo foi manchado por loucura e crueldade. Como vivia temendo revolta e conspiração tinha constantes alucinações. Desposou sete mulheres, mas nunca amou nenhuma delas. Governou a Rússia com mão de ferro, ultrapassando os limites da crueldade. O seu ato mais infame foi o assassinato do próprio filho.Mahatma Gandhi (1869 – 1948) foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do principio de não-agressão, forma não-violenta de protesto, como um meio de revolução. Uma das famosas frases de Gandhi: “O amor é a força mais sutil do mundo.”
A ciência e religião não conseguem responderem varias perguntas dos seres humanos. Muitos estudos apontam que o homem na pré-história se desenvolveu do macaco. Mas, se isto fosse verdade não teríamos nos dias atuais tantas espécies de macacos.
Temos vários problemas sociais como à miséria, fome, violência e vários vícios que prejudicam os homens. Se desejarmos através do bom comportamento e solidariedade podemos melhorar o mundo, vivermos pacificamente e aproveitarmos a vida!”
Terminada a palestra foram almoçar, depois da refeição o professor conversou com o rapaz, ele poderia ajudar na horta comunitária e consertar moveis quebrados. Nicholas ficou até as 17:00 horas neste local, foi o pior pesadelo da sua vida, pois sujou suas mãos e unhas enquanto ajudava na horta. A sua roupa de grife ficou imunda, quase desmaiou quando suou e sentiu aquele cheiro horrível. Chegando em casa tomou um banho demorado. As 21:00 horas durante o jantar contou ao pai que não admitia que as autoridades o obrigassem a se misturar com os seres inferiores, com suas inúmeras qualidades jamais voltaria a fazer aquele trabalho escravo. O pai comentou que ele tentou assassinar duas pessoas inocentes, deveria ficar contente por ter aquela pena leve. Pois se fosse pobre e maior de idade iria para a cadeia, ficaria preso vários anos.
Sem outra opção o jovem precisou retornar ao centro comunitário do bairro pobre da cidade. Passados dois finais de semana uma linda moça foi dar curso de bordado e pintura neste local. Ela era morena, seus cabelos eram castanhos, ondulados e chegavam à cintura. Seu corpo parecia a de uma modelo famosa. Nicholas se apaixonou por esta mulher, terminada a aula sorrindo aproximou-se dela falando:
- Olá, tudo bem?
Ela o reconheceu, furiosa respondeu:
- Seu animar, filhinho de papai, ocê divia ta na cadeia purque tento assassinar duas pessoa inocenti colocandu fogu nelas.
Aproximou-se da moça o morador de rua José Pedro Silva e falou:
- Minha subrinha Alice não pudemo guarda rancor di otras pessoa.
- Tio Pedro este monstru tento mata o sinhor, falou Alice.
- Ele cometeu um erru, eu levei um grandi sustu, Graças a Deus esto recuperadu, num bebu mais bibida arcolica, fiz as paze com minha isposa e arrumei um empregu no centru comunitário, falou Pedro.
Brava Alice falou:
- O sinhor é um homi  muitu conformadu, se o riquinho tivesse encostadu um dedo mi mim eu daria uma sura nele.
- Quelida ocê ta estressada, Jesus Cristo perdoou os homens que o crucificaram, como sigu  seus ensinamento  perduei este rapaz, falou Pedro.
A moça sorriu, abraçou o tio e falou:
- Tio Pedro o sinhor é um homi maravilhosu.
Nicholas ficou inconformado porque não conseguiu agradar aquela moça, mas mostraria a ela suas inúmeras qualidades. Conversando com o pai dele percebeu que na sua cidade e no mundo existia muitos problemas sociais como a miséria, fome, doenças, desemprego. Os homens podiam diminuí-los através da solidariedade, utilizando a inteligência encontrariam alternativas para socorrer os mais carentes. Com o passar dos dias o rapaz começou achar prazeroso o seu serviço voluntario. Ele pesquisou, utilizando seus conhecimentos deu sugestões, convidou vários funcionários da fabrica de moveis do seu pai para trabalharem como voluntários no centro comunitário. Junto com os novos amigos consertaram moveis e reformaram varias casas de pessoas carentes. Quando completou 18 anos o rapaz estudou e foi aprovado no vestibular, deixou de ser convencido, através da solidariedade aprendeu a valorizar todos os seres humanos.
Passados seis meses concluiu o trabalho voluntario no centro comunitário. Como iria estudar em outra cidade foi despedir-se dos amigos. Aproximou-se do professor Mauricio e do Pedro e falou:
- Desculpe-me por tê-los agredido naquela noite, o único ser inferior fui eu porque coloquei fogo em dois homens inocentes.
- Meus parabéns Nicholas, o seu erro ajudou-o a refletir, mostrou-lhe os verdadeiros valores da vida, falou Mauricio.
- Obrigado professor Mauricio e senhor Pedro, pois além de me perdoarem mostraram o verdadeiro sentido da nossa existência, falou Nicholas.
- Sempri seremo amigus, falou Pedro.
Sorrindo eles se abraçaram e conversaram sobre os planos que iriam fazer no ano novo.

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