domingo, 12 de maio de 2019

Conto Solicitação Piedosa

César com dez anos passou o carnaval na casa de sua avó paterna dona Isabel. Esta senhora morava na cidade de Ibitinga, procurava agradar os netos. Apesar da diversão César sentia saudades de sua mãe Simone. O pai dele chamava-se Walter. Há onze anos depois de alguns encontros amorosos ela ficou gravida. Então foi morar na casa do namorado, mas o casal discutia bastante. Passados os nove meses da gravidez Simone teve um menino. Chamaram-no de César. Depois de alguns meses inconformado com as brigas Walter se apaixonou por Marina. Chateado terminou o relacionamento com a mãe de seu filho. Simone foi morar na casa se sua irmã Lúcia na cidade de Araraquara.
Após um ano Marina ficou gravida e se casou com Walter. A filha deles chamava-se Lílian, tinha oito anos. No dia 06 de março de 2019 César retornou a sua casa. Contente abraçou a mãe Simone. Sorrindo aquela mulher comentou ter encontrado o seu príncipe encantado Bruno. Ela ligava direito ao namorado, ignorava o próprio filho. Na sexta-feira mandou o menino telefonar ao pai, obrigou-o a inventar que estava doente e precisava de dinheiro para comprar remédios.
Chateado Walter depositou uma determinada quantia de dinheiro na conta do banco de Simone. No sábado cedo ela foi na loja e comprou um vestido e o par de sandálias novas. A seguir dirigiu-se ao salão de beleza, pois a noite iria no baile com o namorado Bruno. As 16h levou o filho na casa de sua irmã Lúcia para brincar com o primo Mateus. Naquela noite César ficaria hospedado na casa da tia. Contentes as 22h o casal se dirigiu ao baile. Naquele evento tomaram bastante bebidas alcoólicas. No domingo as 3h decidiram retornarem para casa. Embriagado Bruno dirigia o carro. Ele não respeitou a preferencial e bateu num caminhão. O veículo saiu da estrada, entrou no mato, após colidir na árvore pegou fogo. Simone e o namorado não conseguiram sair do carro e morreram naquele acidente.
No domingo as 8h30m dois policiais se dirigiram a casa de Lúcia, comentaram do acidente de carro. Aquela mulher chorou desesperada por ter perdido a irmã. Depois de providenciarem o velório de Simone inconformado César chorou por ter perdido a sua amada mãe. Sepultaram o corpo dela no dia 10 de março as 17h. Walter estava viajando com sua família a outra cidade, não conseguiu ir no enterro de sua ex-companheira.
César retornou chorando a casa de sua tia Lúcia, desesperado desejava abraçar a mamãe. Na segunda-feira o menino não foi a escola por estar abalado psicologicamente.  No dia 12 de março as 10h Walter visitou o filho e tentou conforta-lo. Lúcia o convidou para almoçar, durante a refeição César comeu pouca comida. A seguir pegou o telefone celular, desejando se aliviar do sofrimento jogava aquele novo jogo.
Lúcia contou que Simone estava desempregada e tinha várias dividas. Chateada afirmou não ter condições financeiras para cuidar do sobrinho. Walter decidiu leva-lo a sua casa no próximo final de semana. Desanimado ele retornou a Ibitinga, conversou com a esposa, César ficou órfão de mãe e iria morar naquela residência. Marina o abraçou, tentaria apoiar o menino naquele momento difícil.
No domingo dia 17 de março chorando César comentou que não mudaria de cidade, pois estava sofrendo por ter perdido a sua mãe, nunca ficaria longe do primo Mateus. Depois de abraça-lo Walter afirmou ama-lo porque era um menino bonito, de cor branca com cabelos e olhos castanhos. Apesar do sofrimento a vida continuava, gostaria de apoia-lo naquele momento difícil. Pai e filho conversaram por mais de duas horas, mais conformado o menino decidiu ir morar na casa daquele homem.
Walter e César chegaram em Ibitinga as 19h20m. Contente a avó Isabel abraçou o neto. Marina e Lílian também o abraçaram. A seguir levaram-no ao quarto dele. Contente ele colocou a sua mochila na cama. Passados vinte minutos foram jantar, Walter contou ter sofrido quando perdeu o seu pai a quinze anos. Por sorte a sua mãe maravilhosa além de ama-lo sempre lhe ajudou quando precisou. Este homem trabalhava numa construtora e Marina no supermercado. A avó ajudava a cuidar dos netos.
Na segunda-feira depois do almoço Isabel acompanhou Lílian e César até a escola. O menino estudava no quinto ano do ensino fundamental. Sorrindo a professora Fabiana o acolheu na sala de aula e lhe apresentou aos outros alunos. Apesar do apoio aquele garoto procurava se isolar e jogava jogos no telefone celular. Passaram-se vinte dias, Isabel estava triste porque o neto não arrumava a própria cama. Na escola ignorava as aulas, não fazia os deveres escolares.
Querendo anima-lo ela contou a vida de Nelsinho Santana. O menino nasceu no dia 31 de julho de 1955 em Ibitinga. Como tinha câncer no braço com sete anos ele sofreu uma queda, devido aos ferimentos no ombro esquerdo o seu braço foi amputado. Até os nove anos aquele bondoso garoto morou na Santa Casa de Araraquara e fez a sua primeira comunhão. Nelsinho anunciou previamente a sua partida deste mundo, faleceu no dia 24 de dezembro de 1964 naquele hospital. Sepultaram-no no cemitério São Bento, inúmeras pessoas visitavam o tumulo dele agradecendo aos pedidos alcançados. No dia 24 de outubro de 2011 exumaram o corpo de Nelsinho e o transferiram a Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus. Apesar de sua doença e sofrimento Nelsinho Santana sempre confortava as outras pessoas.
Chateado César achava cansativo estudar, preferia divertir-se com os jogos. No dia 16 de abril o dono de uma livraria visitou a escola onde o menino estudava. Doou inúmeros exemplares do livro ilustrado A Cartilha dos Nativos de José de Anchieta. A professora Fabiana incentivou os alunos a lerem esta obra. Ela comentou que o padre José de Anchieta (1534-1597) dedicou-se a educação e catequizou os indígenas. Também os defendeu dos abusos de determinados colonizadores que desejavam escravizá-los e sequestrarem as suas mulheres e filhos. No livro A Cartilha dos Nativos o padre defendeu a moral religiosa católica e os costumes indígenas preocupado em separar o bem do mal.
O menino quando entrou no seu quarto colocou aquele livro na pequena estante junto com outras obras. Ele pensava no ovo de Páscoa que ganharia no próximo domingo. No sábado Lílian foi convidada para ir na festa de aniversário de Sara, amiga da escola. Marina convidou César para acompanha-las naquele evento. As 15h eles chegaram no clube, pois neste local fizeram a festa. Todas as crianças estavam se divertindo, o menino não quis ir brincar com os outros garotos. Pois ficou sentado numa cadeira jogando jogos no telefone celular. Lílian o chamou para parabenizarem a aniversariante. Quando ele precisou ir no banheiro alguns meninos o chamaram de esquisito e maluco. Após o humilharem saíram da toalete, quieto César chorou amargurado. Entristecido ficou sentado no banco sozinho perto da piscina. Marina e sua filha se divertiram no evento e não perceberam o sofrimento dele.
Durante o jantar a menina contou ao pai as suas brincadeiras na festa de aniversário. César comeu pouca comida, como estava com dor de cabeça dirigiu-se ao quarto as 21h. Quando se deitou na cama pegou uma fotografia de sua mãe, chorando desejava morrer. Passado algum tempo cansado dormiu. Durante a madrugada ele acordou ouvindo um barulho na sala. Sentindo medo dirigiu-se a aquele cômodo. Após acender a luz viu um menino de nove anos sentado no sofá. Então perguntou o nome dele e por que estava na sua casa.
O outro garoto chamava-se Nelsinho Santana. César lembrou-se do menino bondoso, perguntou se veio avisa-lo que em breve morreria. Nelsinho comentou como ele era jovem viveria muitos anos. Entristecido César afirmou ser infeliz porque perdeu a sua mãe além de ser humilhado por outras crianças. Nelsinho tentou conforta-lo, pois a avó Isabel e o pai Walter o amavam. Mas se sentir sozinho deveria lembrar que Jesus Cristo e o Pai Eterno além de ama-lo cuidavam dele.
César perguntou o que deveria fazer para ser feliz na vida. Nelsinho respondeu que deveria amar a si mesmo, a Deus e os semelhantes. Todos se admiram como Jesus Cristo multiplicou os pães e peixes, mas poucos comentam sobre o menino que ofereceu cinco pães de cevadas e dois peixes para o Messias fazer aquele milagre. Se você ajudar o próximo e colaborar com as outras pessoas sentira paz de espirito e encontrará a verdadeira felicidade. Angustiado o menino achou muito difícil esta missão.
Nelsinho Santana falou esta mensagem: “Portanto não fiquem preocupados dizendo: O que vou comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Os pagões é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu sabe que vocês precisam de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade”. (Mt 7, 31-34)
Após falar essas palavras Nelsinho desapareceu, César começou a procura-lo. Surpreso ele acordou, refletiu a mensagem do sonho. Havia clareado o dia, como a sua família estava dormindo viu o livro A Cartilha dos Nativos de José de Anchieta. Animado começou a ler esta obra.
A avó Isabel levantou-se da cama as 8h30m, enquanto ela fazia o café César dirigiu-se a cozinha. Depois de cumprimenta-la gostaria de ir à Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus. Surpresa aquela senhora iria à missa as 10h, o menino iria acompanha-la naquela cerimonia religiosa. Emocionado entrou na igreja, surpreso viu como as pessoas agradeciam a Nelsinho Santana pelas graças alcançadas. Contente ele o agradeceu pela bela mensagem e tentaria seguir os exemplos dele. Terminada a missa junto com sua avó retornou para casa. A tia Lúcia e seu filho foram visita-los, Walter os convidou para almoçarem naquela residência. César no dia 21 de abril de 2019, domingo de Páscoa brincou com a irmã Lílian e o primo Mateus. Sorrindo ele abraçou os seus familiares, comentou como os amava. Pois precisava do amor deles para ser feliz na vida.

4 comentários:

  1. Um conto impressionante da Tânia. A sua capacidade para os contos e crônicas é fenomenal. As tramas e enredos que consegue reunir e torná-los aliciantes, é o seu ponto muito forte. Gostei imenso deste conto e prepara-se para nos voltar a surpreender. Seria ótimo que alguma Editora "agarrasse esta ilustre e genuína escritora. PARABÉNS. Diamantino-Portugal

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    1. Obrigado Diamantino Bartolo pelo elogio, também o parabenizo pelas suas belas obras.

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  2. Uau!!Que dom abençoado o seu!! Lindo conto!!

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