CONTO IMPLACTO
IREVERSIVEL
Todas as pessoas que viam Katia achavam
que era uma mulher feliz. Porque além de ser bonita com seus 35 anos tinha uma
casa própria, trabalhava no banco e seu automóvel era do ano. Numa tarde de
sexta-feira no serviço Ângela uma de suas amigas perguntou:
- Katia o que você vai fazer neste final
de semana?
- Por enquanto não tenho nenhum
compromisso, respondeu Katia.
- Minha prima Roberta vai fazer
aniversário no próximo dia, o irmão dela fará uma festa surpresa em uma
churrascaria para ela, gostaria que você fosse junto comigo, falou Angela.
- A que horas será esta festa? Perguntou
Katia.
- Meu primo falou para nos encontramos na
churrascaria as 20h30m, respondeu Ângela.
- Ângela poderei acompanha-la porque neste
horário terminou o encontro na igreja que frequento, respondeu Katia.
Rindo Ângela falou:
- Enquanto você vai estar na igreja
rezando eu estarei no instituto de beleza fazendo minhas unhas e um penteado
para ficar linda e maravilhosa.
-
Frequentar a igreja e rezar me traz paz de espírito, falou Katia.
Elas continuaram conversando, no final do
expediente de serviço Katia retornou a sua casa. Emocionada viu a fotografia de
sua irmã Sandra e dos sobrinhos Milton e Fernanda. Como adorava crianças ficou
acariciando aquele retrato. O grande sonho de sua vida sempre foi se casar e
ter vários filhos. Passaram-se vários anos e não encontrou o homem de sua vida.
Mas tinha certeza que qualquer dia o encontraria. No sábado como era seu dia de
folga fez o serviço de casa. A tarde tomou banho e se arrumou para ir na
igreja. Desde pequena seus pais a levavam para aquele lugar. Infelizmente a mãe
dela faleceu quando tinha dezesseis anos. Passados cinco anos o seu pai se
casou com outra mulher e mudou-se para a cidade de São Bernardo do Campo. A sua irmã Sandra se casou quando tinha vente
e dois anos com Giovani, tiveram os filhos Milton com sete anos e Fernanda quatro
anos. Por causa do serviço seu cunhado, acompanhado da esposa e dos filhos a um
ano mudaram-se para a cidade de Limeira. Apesar das pessoas que amava morarem
longe Katia nunca se sentiu sozinha porque sabia que era amada por Deus.
Como havia combinado com Ângela as 8h15m
passou com seu automóvel em frente da casa dela para irem juntas a
churrascaria. Naquele lugar havia muitos convidados, no horário marcado chegou
a aniversariante e todos a parabenizaram. A festa estava divertida, um homem
bonito começou a paquerar Katia. Animada ela também o paquerou, quem sabe era o
seu príncipe encantado. Ângela o conhecia, passados quinze minutos a amiga
apresentou aquele homem. Os dois conversaram animadamente, no momento que as
pessoas começaram a sair da churrascaria ele a convidou para irem ao bar tomar
um drinque. Como os dois tinham automóveis próprios cada um dirigiu o seu. Eles
sentaram nos bancos perto de uma mesa no bar, depois que o garçom os atendeu
ele falou:
- Eu tive muita sorte por encontrar uma
mulher linda como você Katia.
- Caetano adoro ouvir os seus elogios,
falou Katia.
- Como você mora sozinha será que posso
pousar na sua casa esta noite? Perguntou Caetano.
Percebendo as intenções dele Katia
respondeu:
- Sou uma pessoa precavida, nunca costumo
hospedar pessoas estranhas na minha residência.
- Eu não sou uma pessoa estranha, além de
lhe achar linda posso ser seu príncipe encantado, falou Caetano.
Sem graça ela respondeu:
- Já esta tarde, como estou com sono vou
embora daqui.
Katia estava pensando em se levantar da mesa,
então Caetano pegou na sua mão direita e falou:
- Somos pessoas adultas e independentes,
temos o direito de nos divertimos na vida.
- A minha religião proíbe este tipo de
diversão que você está pensando Caetano, falou Katia.
- Você é uma mulher atrasada, falou
Caetano.
Ao acabar de falar isto Katia foi embora
daquele bar. Quando chegou perto do seu automóvel Erick um rapaz cliente do
banco estava passando pela rua dirigindo o seu carro importado e buzinou.
Sorrindo ela o cumprimentou, aquele rapaz parecia ser legal, mas tinha apenas
18 anos. Antes de dormir lembrou-se que estava difícil encontrar o homem de sua
vida. Na segunda-feira logo que o banco abriu enquanto trabalhava nos
empréstimos aproximou-se dela Erick falando:
- Bom dia Katia.
- Bom dia Erick, respondeu Katia.
Ele presenteou-a com uma rosa vermelha e
falou:
- Uma flor para uma linda mulher!
- Obrigado Erick, você é um cara legal,
falou Katia.
- Você estava maravilhosa no sábado à
noite, será que poderíamos sair juntos no próximo final de semana? Perguntou
Erick.
Sorrindo Katia respondeu:
- Esta é a décima sétima vez que você me
faz o mesmo convite.
- Até agora não desisti de conquistar o
seu coração, falou Erick.
- Erick lhe acho um rapaz bonito, mas
somos apenas amigos, falou Katia.
- Tachou gata, você ainda mudará de
ideia, falou Erick e foi até o caixa eletrônico.
Ângela se aproximou dela e falou:
- Você está conquistando os corações de
vários homens. No sábado foi romântico seu encontro com Caetano?
- Aquele seu amigo estava com segundas
intenções, respondeu Katia brava.
- Katia lhe acho complicada demais,
Caetano além de ser bonito é um homem trabalhador, falou Ângela.
- Acho que nunca conseguirei encontrar
meu príncipe encantado, falou Katia.
- Para quem deseja se casar e ter filhos
você deve colocar menos defeitos nos homens e tentar se entender com um deles,
falou Ângela.
- Casamento é um compromisso sério, nunca
me casarei com um homem se não o amar e compreende-lo senão me separarei depois
de alguns meses, falou Katia.
- Já havia me esquecido que você é uma
pessoa religiosa, falou Ângela rindo.
- Para não continuar sozinha nesta vida
acho que vou adotar uma criança, falou Katia.
- Se eu fosse você Katia faria
inseminação artificial para ter o seu próprio filho, falou Ângela.
Outro funcionário do banco pediu para
Ângela ir trabalhar no caixa. Sem que elas notassem Erick estava ouvindo a
conversa delas. No dia seguinte por causa de problemas mecânicos Katia precisou
levar seu automóvel na oficina. Na sexta-feira as 18:00 horas quando estava
saindo do banco choveu bastante. Erick estava passando na rua dirigindo o carro
e pediu se ela queria carona. Sem alternativa aceitou, entrou no veículo dele.
Depois que se cumprimentaram e conversaram por dois minutos percebeu que aquele
rapaz estava estranho, ficou apavorada porque estavam saindo do centro da
cidade.
- Erick para que lugar você está me
levando? Perguntou Katia.
- Meu amor vamos nos divertir bastante
hoje, respondeu Erick.
- Mas este não é o caminho para ir a
minha casa, falou Katia.
- Gata confie em mim, iremos até a
chácara do meu tio e teremos fortes emoções na festa que darei em sua
homenagem, falou Erick.
- Por favor, pare o seu automóvel Erick,
vou voltar a pé para a minha casa, falou Katia.
- Desta vez a minha vontade não será
contrariada, falou Erick rindo.
Da direção do automóvel ele apertou um
botão travando a porta do veículo. Nervosa sentiu vontade de esgana-lo, tentou
controlar-se porque se reagisse poderia provocar um acidente. Após quinze
minutos chegaram a uma chácara, naquele lugar não estava chovendo. O rapaz saiu
do carro para abrir a porta da sala, Katia conseguiu destravar a porta do automovel
e saiu correndo. Erick conseguiu alcança-la e a derrubou no chão, então a pegou
no colo e a força levou-a para dentro daquela casa. Ele a jogou em cima de uma
cama e algemou os braços dela naquele local.
- A nossa diversão está começando agora,
falou Erick e começou a beija-la.
Katia ficou apavorada com os atos do
Erick, quando parou de beija-la falou:
- Você não tem o direito de fazer isto
comigo.
- Apenas faremos uma linda noite de amor,
falou Erick.
- Droga Erick você é um rapaz jovem,
muitas garotas desejam estar ao seu lado, é contra a lei agarrar uma mulher a
força, falou Katia.
- A única mulher que desejo é você Katia,
juntos sentiremos muitos prazeres, falou Erick.
- O único prazer que quero nesta vida é
me casar virgem, falou Katia.
Rindo o rapaz falou:
- Será espetacular ser o primeiro homem de
sua vida minha gata.
Ele arrancou a roupa dela, a estuprou e
não usou preservativo. Katia ficou desesperada, pois nunca imaginou que pudesse
acontecer isto com ela. Erick ria e falava que havia se divertido bastante,
depois foi ao automóvel e trouxe uma maleta. Defronte dela antes de aplicar uma
injeção de heroína no seu próprio braço falou:
- Este dia esta demais, depois que passar
o efeito desta belezura nos amaremos novamente.
O rapaz exagerou na dose de heroína,
alguns segundos depois que injetou a droga em si mesmo começou a sentir uma
forte dor no coração. Ele deu vários gritos altos, passados dois minutos caiu
no chão, morreu de overdose. Katia o chamou e ele não respondeu. Os minutos
passaram devagar, apesar do medo devido ao cansaço Katia dormiu de madrugada.
Quando clareou o dia um dos empregados do tio do rapaz chegou à chácara. Ele
ficou assustado quando entrou na casa e viu o rapaz deitado no chão e uma
mulher algemada em cima da cama. Imediatamente chamou a polícia, em quinze
minutos os policias chegaram naquele local. Verificaram que aquela mulher havia
sido estuprada e o rapaz estava morto.
Chamaram uma ambulância para levar Katia
ao hospital, avisaram a família de Erick que o rapaz faleceu. Depois de ser
atendida pelos médicos precisou ficar internada no hospital por várias horas.
Sandra e Giovani ficaram sabendo o que aconteceu com Katia. Após receber alta
do hospital precisou ir depor na delegacia sobre o que havia acontecido naquela
chácara. Este acontecimento virou notícia em vários jornais. Para ajudar na
recuperação de sua irmã Sandra a levou a cidade de Limeira, ficaria hospedada
por alguns dias na casa dela.
Com o passar dos dias Katia não percebeu
que a sua menstruação estava atrasada. Depois de vinte e quatro dias começou a
sentir tonturas e ânsia de vomito. Ela marcou uma consulta com o clínico geral,
o doutor lhe fez várias perguntas e mandou fazer exame de urina. No dia
seguinte retornou ao médico e perguntou:
- Doutor o senhor descobriu por que de
repente comecei a passar mal?
- Parabéns! Você está gravida, respondeu
o médico.
Assustada Katia falou:
- O senhor tem certeza que eu estou
gravida?
- No exame de urina a sua gravidez deu
positiva, se quiser pode ir consultar outro médico, respondeu o doutor.
Ela começou a chorar e falou:
- O que fiz de errado para estar
acontecendo isto comigo.
- Senhorita acho melhor conversar com o
seu namorado, falou o médico.
- Eu não tenho namorado, este bebê é filho
do Erick, o homem que me estuprou a vinte e cinco dias, falou Katia.
O médico a reconheceu das reportagens que
viu nos jornais e falou:
- Sinto muito por esta gravidez
inesperada, mas este bebê não tem culpa pelos erros cometidos pelo pai dele.
Katia saiu nervosa do consultório do
médico, foi até uma igreja onde chorou e rezou. O maior sonho desta mulher era
poder ser mãe, agora que estava gravida cuidaria bem desta criança. Quando
chegou na casa de sua irmã contou que estava gravida. Todos ficaram assustados,
Sandra falou que ela tinha sofrido bastante e agora teria esta
responsabilidade.
- Sempre gostei de crianças, este bebê é
um ser inocente, tentarei ser uma boa mãe para ele, falou Katia.
- Katia você é uma pessoa maravilhosa,
falou Sandra.
- Farei o pré-natal, continuarei com as
consultas com o psicólogo e rezarei a Deus para que o meu filho nascer com saúde,
falou Katia.
Passados trinta dias Katia retornou a
cidade de Rio Claro. Na segunda-feira voltou a trabalhar no banco porque devido
aos acontecimentos achou melhor pegar férias para se recuperar. Naquele dia os
funcionários do banco a receberam com um buque de flores. Ela ficou contente,
Ângela a abraçou falando:
- Minha amiga senti saudades de você.
- Eu também senti saudades de todos os
funcionários do banco, falou Katia.
O gerente do banco aproximou-se dela e
perguntou:
- Katia qual é a surpresa que você vai
nos contar?
Sorrindo Katia respondeu:
- Eu estou gravida.
Todos ficaram espantados, Ângela então
perguntou:
- Você está esperando um filho daquele
cara que a estuprou?
Chateada Katia respondeu:
- Por favor, não comentem mais sobre
aquilo que aconteceu comigo, o que importa é que daqui a oito meses terei um
filho e serei mãe.
- Desejamos muitas felicidades a você,
esperamos que o seu filho lhe traga muita felicidade, falou Ângela.
Passaram-se três dias, na quarta-feira à
tarde Katia estava com vontade de comer bombom. Depois de cinco minutos o
guarda Ademar Moreira lhe entregou dois bombons porque as mulheres gravidas não
podem passar vontade. Passada uma semana na terça-feira às onze horas apareceu
no banco um menino de sete anos e perguntou a Katia:
- Por favor, a senhora sabe onde está meu
pai o guarda Ademar Moreira?
- O seu pai foi no banheiro, respondeu
Katia.
- Então vou esperar um pouco para conversar
com ele, falou o menino.
Aquela criança nunca tinha aparecido no
banco, preocupada Katia perguntou:
- Nunca o vi no banco, aconteceu alguma
coisa para você procurar o seu pai?
- Minha senhora eu vim no dentista e
passei aqui no banco para cumprimentar o meu pai, respondeu o menino.
- Detesto que me chamem de senhora, meu
nome é Katia, qual é o seu nome menino? Perguntou Katia.
- Meu nome é Renato, prazer em
conhecê-la, falou o menino cumprimentado Katia com sua mão direita.
- O prazer é todo meu, a sua mãe é uma
mulher de sorte por ter um filho lindo como você Renato, falou Katia.
Renato ficou triste e falou:
- A minha mãe mora na cidade de Belo
Horizonte, já faz cinco anos que os meus pais se separaram.
Naquele momento Renato foi conversar com
o pai dele. Na hora do almoço Katia foi almoçar em um restaurante, depois da
refeição uma senhora se aproximou dela e falou:
- Meu nome é Vitória, sou a mãe de Erick.
Com raiva Katia falou:
- Seu filho é um animal e não poderá
pagar o mal que fez para mim porque morreu com overdose de heroína.
Friamente esta mulher respondeu:
- Meu advogado falou que você está
gravida do meu filho, lhe pagarei cinquenta mil dólares se entregar para mim o
bebê quando nascer.
Revoltada Katia respondeu:
- Como a senhora é atrevida, o meu filho
não está a venda.
- Acalme-se querida, se você odeia o meu
filho nunca será uma boa mãe para o meu neto, falou dona Vitória.
- Fiquei sabendo que a senhora é uma
mulher rica, mas não tem o direito de ficar julgando os outros. Se Erick
tivesse recebido uma boa educação de seus pais nunca teria se viciado em
drogas, falou Katia.
- Não se pode julgar os pais pelo erro de
seus filhos, falou dona Vitória.
- Se a senhora fosse uma boa pessoa nunca
teria me feito esta proposta indecente, falou Katia.
Começaram a sair lágrimas dos olhos de
dona Vitória enquanto falava:
- Eu morri junto com o meu filho, estou
sofrendo demais, apenas o meu neto é que pode devolver a minha alegria de
viver.
- Sinto muito, minha senhora, o seu
dinheiro nunca vai afastar o meu filho de mim, falou Katia.
Magoada Katia foi embora do restaurante,
no começo ficou assustada com a gravidez inesperada, mas sabia que era um filho
que estava faltando em sua vida, cuidaria bem desta criança. Todos os dias
rezava a Deus, pedia força para ser uma boa mãe e também gostaria que a avó do
bebê tivesse conforto e paz de espirito. Passados onze dias no sábado à tarde
enquanto estava no estacionamento do supermercado viu Renato andando de
bicicleta na rua. Ela chamou o menino, imediatamente ele a reconheceu,
aproximou-se dela falando:
- Boa tarde Katia.
- Boa tarde Renato, fiquei feliz podendo
vê-lo novamente, falou Katia.
Rindo Renato falou:
- Eu falei para o meu pai que te achei
uma pessoa legal, é com você que ele deveria namorar.
Sorrindo Katia falou:
- Está calor, vamos a sorveteria nos
refrescarmos com sorvete?
- Obrigado pelo convite, só que vou
querer três bolas de sorvete, respondeu o menino.
- Se você conseguir lhe pagarei até dez
bolas de sorvete, falou Katia.
Perto do supermercado tinha uma
sorveteria, os dois foram a este estabelecimento. Renato pediu três bolas:
chocolate, morango e flocos. Katia pediu uma bola de coco branco. Eles sentaram
nas poltronas perto da mesa com o sorvete, conversavam e riam. Passados cinco
minutos Ademar que estava andando de bicicleta aproximou-se deles apavorado:
- Meu filho fiquei preocupado com o seu
desaparecimento.
- Também o senhor ficou conversando com
aquele seu amigo por mais de vinte minutos, falou Renato.
- Renato convida o seu pai para pegar um
sorvete e se divertir junto conosco,
falou Katia.
Envergonhado Ademar falou:
- Boa tarde dona Katia.
- Detesto que me chamem de dona, falou
Katia sorrindo.
- Com este calor vou querer beber um
refrigerante, falou Ademar e foi compra-lo no balcão de vendas.
- Katia meus parabéns, meu pai contou que
você está gravida, falou Renato.
- Obrigado Renato, se o meu filho for
homem espero que seja bonito e inteligente como você, falou Katia.
Os três ficaram conversando por mais de
uma hora. Katia convidou Renato e Ademar para almoçarem no próximo dia em sua
casa, contentes aceitaram este convite. Como ela gostava de cozinhar assou um
frango, fez lasanha, macarronada e uma deliciosa salada de legumes e para
sobremesa pavê de abacaxi. Às onze horas e trinta minutos chegaram os
convidados, passados trinta minutos foram almoçar. Depois da refeição Ademar
falou:
- Katia a sua comida estava deliciosa, é
difícil acreditar que você ainda continua solteira.
Rindo Katia falou:
- Eu sou solteira porque ainda não
encontrei o meu príncipe encantado.
- Casamento é uma responsabilidade séria,
falou Ademar.
- O casamento do meu pai com minha mãe
durou pouco tempo, falou Renato.
- Apenas me casei com Sofia porque ela
ficou gravida, aliás nós dois éramos jovens e não tínhamos responsabilidades,
falou Ademar.
- É uma pena quando uma criança cresce
com os pais separados, falou Katia.
- Pior é quando o casal mora junto e vive
brigando, falou Ademar.
- Eu amo o meu pai e gosto quando vou
viajar a Belo Horizonte visitar a minha mãe, falou Renato.
- Normalmente um casal quando se separa
os filhos ficam com a mãe, falou Katia.
- Quando eu e Sofia nos separamos ela
tinha sido aprovada no vestibular na cidade de Assis, minha finada mãe achou
melhor Renato ficar conosco para a mãe dele poder estudar, falou Ademar.
- Naquela cidade minha mãe conheceu outro
homem e se casou com ele, falou Renato.
- Nós dois entramos em um acordo e
achamos melhor o meu filho viver junto comigo, falou Ademar.
- Renato você tem algum irmão? Perguntou
Katia.
- Não, a minha mãe fica o dia inteiro no
laboratório, eu gostaria muito de ter um irmãozinho, falou Renato.
- Este menino quer que eu me case com
outra mulher para lhe dar um irmão, falou Ademar rindo.
- Calma Renato, seu pai vai se casar
novamente quando encontrar a princesa encantada, falou Katia.
Todos riram e se divertiram bastante
naquele domingo. Passada uma semana a pedido de Renato o pai dele convidou
Katia para almoçar na casa dele. Ademar convidou alguns amigos para fazerem um
churrasco naquele dia. Ao todos reuniram três crianças, duas mulheres e cinco
homens. Às dezesseis horas a cunhada do Ademar precisou ir embora porque
receberia visitas em sua residência. Renato e seus dois primos começaram
assistir ao jogo de futebol transmitido pela televisão.
Às dezesseis horas e vinte minutos Katia
foi a cozinha, então viu bastante louça suja na pia e em cima da mesa. Ela
resolveu lava-las, passados dois minutos Ademar chegou neste local e falou:
- Por favor, Katia não quero que uma
visita fique fazendo serviços em minha casa.
Ela estava segurando vários garfos, sem
querer assustou-se ouvindo a voz de Ademar e os derrubou no chão. Sorrindo
Katia falou:
- Você me deu um susto.
Os dois se abaixaram e começaram a pegar
os garfos que estavam no chão. Quando se levantaram os colocaram na pia. Como
estavam sozinhos na cozinha Ademar não resistiu aos seus impulsos, abraçou e
beijou a boca de Katia. Terminado o beijo envergonhado falou:
- Desculpe-me Katia por tê-la beijado.
- Não precisa pedir desculpas Ademar, eu
gostei do seu beijo, falou Katia.
Renato estava com vontade de comer
pipoca. Ademar respondeu que iria coloca-la no forno de micro-ondas. Katia
confusa achou melhor retornar a sua casa, ela se despediu dos amigos e foi
embora. Enquanto tomava banho se lembrou de Ademar, aquele homem tinha 28 anos,
era bonito, gentil, educado, então percebeu que estava gostando dele. Na
segunda-feira ficou emocionada quando o viu, pois fazia vários anos que não se
apaixonava por ninguém.
As onze horas e trinta minutos apareceu
no banco uma jovem de dezesseis anos segurando uma faixa que estava escrito: Ademar
Moreira neste mundo existem muitos homens, mas o único que quero é você. Farei
qualquer coisa para conquistar o seu coração. I love you! I love you! I love
you! Isabel de Souza.
Houve confusão naquele lugar, várias
pessoas se aproximaram dela. Katia ficou enciumada depois que leu aquela faixa.
Ademar envergonhado pediu para o gerente do banco se poderia acompanhar aquela
moça até a casa dela. Isabel ficou desesperada porque o homem que amava não foi
conversar com ela, então começou a gritar no banco:
- Ademar meu amor pare de fugir de mim,
longe de você a minha vida não tem sentido.
Para evitar mais confusões o gerente
falou:
-
Por favor, guarda Moreira tire esta garota do banco porque está prejudicando o
nosso bom atendimento aos clientes.
Ele aproximou-se daquela moça que estava
chorando e desesperada o abraçou. Os dois saíram do banco, Katia ficou triste
porque o perdeu para outra mulher. Após uma hora e quarenta minutos Ademar
retornou afirmando que aquela moça nunca mais viria neste local.
Às dezesseis horas e trinta e cinco
minutos depois que o banco estava fechado para os clientes Katia aproximou-se
de Ademar e falou:
- Espero que você e aquela moça sejam
muito felizes.
Bravo Ademar respondeu:
- Aquela garota é maluca, pois adora
fazer escanda-los.
- Mas ela o ama bastante Ademar, falou
Katia.
- Eu não gosto dela, o meu coração pertence
à outra mulher, falou Ademar.
Com ciúmes Katia falou:
- Continuo te desejando felicidades ao
lado de sua amada.
- Estou conversando com a mulher que eu
amo, falou Ademar.
Surpresa e feliz Katia falou:
- Ademar eu também o amo demais.
Os dois contentes se abraçaram e
beijaram-se. Os outros funcionários do banco aplaudiram o casal. Ademar e Katia
começaram a namorar. Renato gostava de Katia e lhe deu o maior apoio. Os meses
foram passando, no quinto mês de gravidez ela fez a ultrassonografia e estava
esperando uma menina. Colocaria na filha o nome de Maria Clara em homenagem a
sua finada mãe. Quando completou os nove meses Katia estava jantando na casa do
namorado e percebeu que o bebê iria nascer. Ademar foi a casa dela pegar as
coisas que precisava e a levou ao hospital. Ele ficou toda a noite naquele
local, a criança nasceu às cinco horas de parto normal. No dia seguinte junto
com Renato foram visita-la levando um vaso de rosas. Quando entraram no quarto
ela estava segurando o bebê.
- A minha filha Maria Clara é uma linda
menina, falou Katia.
Ademar emocionado a pegou no colo e
falou:
- Katia gostaria muito de ser o pai de
sua filha.
- Meu amor você não precisa ser o pai
biológico de Maria Clara, mas o pode ser de coração, falou Katia.
Renato pegou a menina no colo, Ademar
segurando as mãos de Katia perguntou:
- Querida você quer se casar comigo?
Alegre e emocionada Katia respondeu:
- Eu aceito o seu pedido de casamento,
finalmente encontrei, meu príncipe encantado.
Feliz o casal se abraçou e beijou-se.
Renato sorrindo falou:
- Maria Clara o meu pai e a
sua mãe nasceram um para o outro.
CONTO - A RAÇA HUMANA PERFEITA
Nicholas
com dezessete anos se achava um homem de sorte, pois era loiro, de olhos
verdes, as mulheres sempre o elogiavam chamando-o de lindo. Seu pai era dono de
uma fábrica de moveis localizada na cidade Rio Prateado. Este jovem sempre
estudou em escola particular, tirou notas boas em provas e sabia falar inglês e
espanhol. Como era saudável sonhava em completar 18 anos para ser maior de
idade, ganharia do seu pai um automóvel importado.
Ele
estudava no terceiro ano do ensino médio, no final do ano prestaria vestibular
para estudar na universidade o curso de engenharia eletrônica. Na escola as
moças diziam que com sua beleza poderia ser ator ou modelo, pois ficaria famoso
e ganharia bastante dinheiro. Sorrindo respondia que era filho de um homem
rico, seu pai sempre atendia os seus pedidos.
Alguns
o achavam convencido, Nicholas com sua beleza dizia ter sido selecionado, pois
fazia parte da raça humana perfeita. No sábado do mês de abril os seus amigos o
convidaram para ir a uma festa. Ele era filho único, a sua mãe havia falecido
há dois anos e seu pai foi viajar. Como era menor de idade pegou escondido o
automóvel importado do pai e foi se encontrar com os amigos. As amigas Ellen,
Ana e Laura o elogiaram porque ficou mais lindo dirigindo aquele belo carro.
Eduardo o chamou de louco, ele não podia dirigir o veículo sem a carteira de
motorista. Rindo ele falou que deveriam esquecer os problemas da vida e se
divertirem um pouco. As três amigas e o amigo entraram no automóvel e foram à
festa.
Os
jovens se divertiram naquele evento, riram, conversaram, beberam bebidas
alcoólicas e usaram drogas. Às quatro horas da madrugada decidiram retornar
para casa. Quando passavam em frente da praça Nicholas estacionou o automóvel,
pois junto com Eduardo iriam fazer uma serenata amorosa as amigas. Eles saíram
do veículo, começaram a cantar. Passados uns quinze minutos viram dois homens
dormindo debaixo de uma arvore.
-
Os moradores de ruas foram expulsos da sociedade, falou Eduardo.
-
Esses indivíduos são seres inferiores e não possuem lugar para morar, falou
Ana.
-
Eles pedem esmolas, roubam e transmitem doenças, falou Laura.
-
Esses seres são um perigo para a sociedade, acho melhor eliminá-los, falou
Nicholas.
Assustada
Ana falou:
-
É crime machucar um ser humano.
-
Meninas vocês não desejaram fortes emoções, vamos nos divertir, falou Eduardo
rindo.
-
Vamos embora desta praça e deixar aquelas pessoas em paz, falou Ellen.
Nicholas
abriu a porta do carro, pegou um vidro de uísque e perguntou:
-
O que vocês acham de jogarmos esta bebida naqueles caras e colocarmos fogo
neles?
As
três moças ficaram assustadas, comentaram que nunca fariam aquela loucura e
saíram correndo. Animado Eduardo falou que não iria deixar o amigo se divertir
sozinho. Os dois se aproximaram dos moradores de ruas, jogaram uísque neles,
com um isqueiro Nicholas colocou fogo naqueles seres humanos. Os dois
indivíduos acordaram assustados e pegando fogo enquanto os rapazes riam. Então
parou o carro de polícia, os policiais foram socorrer os homens. Os rapazes
saíram correndo, entraram no veículo e foram embora. Devido ao acontecimento
várias pessoas foram à praça ajudar as vítimas. Um homem anotou a placa do
automóvel importado antes deles partirem.
Os
dois moradores de rua foram levados ao hospital, tiveram partes dos seus corpos
com queimaduras graves e ficaram internados. No domingo às dez horas os
policiais foram à casa do filho do empresário. Ele acordou assustado, não se
lembrou o que aconteceu no sábado. O acusaram de agressão e tentativa de
homicídio, como era menor de idade não puderam prendê-lo, foi encaminhado a uma
instituição de menores infratores da lei. Eduardo também tinha dezessete anos,
naquele local encontrou o amigo. Apenas afirmou que tentou eliminar seres
infratores que poderiam prejudicar a sociedade.
Por
sorte os dois moradores de rua foram socorridos, o homem mais velho teve
queimaduras nos braços e nas costas, o outro teve queimaduras nos braços,
pescoço e no membro inferior da perna esquerda. Nicholas estava enganado quando
chamou as vítimas de seres inferiores, pois o que teve menos ferimento
chamava-se Mauricio Sousa, era professor universitário, estava dormindo na rua
para pesquisar e fazer a tese do pós-doutorado. O outro chamava-se José Pedro
Silva, morava na rua porque estava desempregado, era viciado em bebidas
alcoólicas, tentou agredir a esposa e os dois filhos.
O
pai do Nicholas precisou retornar da viagem no domingo, contratou um advogado,
libertaram os rapazes na segunda-feira. A cidade Rio Prateado tinha 500.000
habitantes. O professor Mauricio estudava o comportamento dos seres humanos,
decidiu incluir o ato infrator dos adolescentes nas suas pesquisas. Conversou
com o juiz, achou que seria interessante os dois rapazes trabalharem como
voluntários no centro comunitário do bairro carente da cidade uma vez por
semana durante seis meses. Passados sessenta dias o juiz deu a sentença ao
Nicholas e Eduardo para repararem o erro cometido. Eles ficaram bravos, mas não
tiveram outra opção, porque deveriam ir todos os sábados nos próximos seis meses
cumprirem a sentença. Na sexta-feira Eduardo foi a um baile com o primo, quando
retornavam a casa sofreram um acidente de moto. O rapaz quebrou duas costelas e
a perna direita.
No
sábado Nicholas precisou ir sozinho no centro comunitário do bairro. Quando
chegou neste local encontrou o professor Mauricio, as suas queimaduras haviam
cicatrizado, naquele dia deu uma palestra na instituição. As 10h ele começou a
falar:
O
ser humano possui qualidades e defeitos. O seu comportamento é influenciado
pelas pessoas de sua convivência. Em sua vida pode ser bom ou mal. Darei dois
exemplos de homens importantes na história da humanidade:
·
Ivan, o Terrível (1530 – 1581) – Ivan IV
governou a Rússia, expandiu o seu domínio do Oriente até a Sibéria. O seu
governo foi manchado por loucura e crueldade. Como vivia temendo revolta e
conspiração tinha constantes alucinações. Desposou sete mulheres, mas nunca
amou nenhuma delas. Governou a Rússia com mão de ferro, ultrapassando os
limites da crueldade. O seu ato mais infame foi o assassinato do próprio filho.
·
Mahatma Gandhi (1869 – 1948) - foi um dos
idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do
princípio de não-agressão, forma não-violenta de protesto, como um meio de
revolução. Uma das famosas frases de Gandhi: “O amor é a força mais sutil do
mundo.”
A
ciência e religião não conseguem responderem várias perguntas dos seres
humanos. Muitos estudos apontam que o homem na pré-história se desenvolveu do
macaco. Mas, se isto fosse verdade não teríamos nos dias atuais tantas espécies
de macacos.
Temos
vários problemas sociais como à miséria, fome, violência e vários vícios que
prejudicam os homens. Se desejarmos através do bom comportamento e
solidariedade podemos melhorar o mundo, vivermos pacificamente e aproveitarmos
a vida!
Terminada
a palestra foram almoçar, depois da refeição o professor conversou com o rapaz,
ele poderia ajudar na horta comunitária e consertar moveis quebrados. Nicholas
ficou até as 17:00 horas naquele local, foi o pior pesadelo de sua vida, pois
sujou suas mãos e unhas enquanto ajudava na horta. A sua roupa de grife ficou
imunda, quase desmaiou quando suou e sentiu aquele cheiro horrível. Chegando em
casa tomou um banho demorado. As 21h durante o jantar contou ao pai que não
admitia que as autoridades o obrigassem a se misturar com os seres inferiores,
com suas inúmeras qualidades jamais voltaria a fazer aquele trabalho escravo. O
pai comentou que ele tentou assassinar duas pessoas inocentes, deveria ficar
contente por ter aquela pena leve. Pois se fosse pobre e maior de idade iria
para a cadeia, ficaria preso vários anos.
Sem
outra opção o jovem precisou retornar ao centro comunitário do bairro pobre da
cidade. Passados dois finais de semana uma linda moça foi dar curso de bordado
e pintura neste local. Ela era morena, seus cabelos eram castanhos, ondulados e
chegavam à cintura. Seu corpo parecia a de uma modelo famosa. Nicholas se
apaixonou por esta mulher, terminada a aula sorrindo aproximou-se dela falando:
-
Olá, tudo bem?
Ela
o reconheceu, furiosa respondeu:
-
Seu animal, filhinho de papai, você deveria estar na cadeia porque tentou
assassinar duas pessoas inocentes colocando fogo nelas.
Aproximou-se
da moça o morador de rua José Pedro Silva e falou:
-
Minha sobrinha Alice não pudemos guarda rancor de outras pessoas.
-
Tio Pedro este monstro tentou matar o senhor, falou Alice.
-
Ele cometeu um erro, eu levei um grande susto. Graças a Deus estou recuperado,
não bebo pinga e cerveja, fiz as pazes com minha esposa e arrumei um emprego no
centro comunitário, falou Pedro.
Brava
Alice falou:
-
O senhor é um homem muito conformado, se o riquinho tivesse encostado um dedo
mi mim eu daria uma sura nele.
-
Querida você está estressada, Jesus Cristo perdoou os homens que o
crucificaram, como sigo os seus ensinamentos perdoei este rapaz, falou Pedro.
A
moça sorriu, abraçou o tio e falou:
-
Tio Pedro o senhor é um homem maravilhoso.
Nicholas
ficou inconformado porque não conseguiu agradar aquela moça, mas mostraria a
ela suas inúmeras qualidades. Conversando com o pai dele percebeu que na sua
cidade e no mundo existia muitos problemas sociais como a miséria, fome,
doenças, desemprego. Os homens podiam diminuí-los através da solidariedade,
utilizando a inteligência encontrariam alternativas para socorrer os mais
carentes. Com o passar dos dias o rapaz começou achar prazeroso o seu serviço
voluntario. Ele pesquisou, utilizando seus conhecimentos deu sugestões,
convidou vários funcionários da fábrica de moveis do seu pai para trabalharem
como voluntários no centro comunitário. Junto com os novos amigos consertaram
moveis e reformaram várias casas de pessoas carentes. Quando completou 18 anos
o rapaz estudou e foi aprovado no vestibular, deixou de ser convencido, através
da solidariedade aprendeu a valorizar todos os seres humanos.
Passados
seis meses concluiu o trabalho voluntario no centro comunitário. Como iria
estudar em outra cidade foi despedir-se dos amigos. Aproximou-se do professor
Mauricio e do Pedro e falou:
-
Desculpe-me por tê-los agredido naquela noite, o único ser inferior fui eu
porque coloquei fogo em dois homens inocentes.
-
Meus parabéns Nicholas, o seu erro ajudou-o a refletir, mostrou-lhe os
verdadeiros valores da vida, falou Mauricio.
-
Obrigado professor Mauricio e senhor Pedro, pois além de me perdoarem mostraram
o verdadeiro sentido da nossa existência, falou Nicholas.
-
Sempre seremos amigos, falou Pedro.
Sorrindo
eles se abraçaram e conversaram sobre os planos que iriam fazer no ano novo. Passaram-se
dez anos, Nicolas foi convidado para dar uma palestra na universidade de Rio
Prateado. Esta cidade era sua terra natal. Contente lembrou-se que cometeu um
erro que modificou sua vida. Quando tinha dezessete anos era viciado em bebidas
alcoólicas e drogas. Querendo divertir-se acompanhado de um amigo colocaram
fogo em dois moradores de rua. Por sorte não tiveram ferimentos graves. Uma das
vítimas era o professor universitário Mauricio Sousa. Como penalidade precisou
trabalhar como voluntario no centro comunitário da cidade. Neste local teve
contato com pessoas simples e carentes. Então descobriu o verdadeiro valor da
vida humana.
Ele trabalhava como encarregado em
uma indústria de eletrônicos. Querendo compreender e ajudar a diminuir os
problemas sociais cursava o mestrado de Sociologia. Contente pesquisou e
preparou a conferencia. Na sexta-feira às dezenove horas chegou na
universidade. Após trinta minutos entrou no auditório, pegou o microfone e
começou a fazer a palestra.
Terminada a palestra aplaudiram
Nicholas. O reitor o parabenizou pelo belo discurso. Animado comentou que a
professora Alice e seus alunos do curso de alfabetização de jovens e adultos
fizeram uma bonita redação e a leriam naquele momento. Entraram no auditório
uma bela morena acompanhada de três jovens, duas senhoras e um senhor. Nicholas
ficou surpreso quando a reconheceu. Era a moça do centro comunitário que
conquistou o coração dele há dez anos. Alice sorrindo lembrou-se dele, pegou o
microfone e começou a ler o texto.
Terminado o evento Nicholas
parabenizou Alice por sua redação. Emocionados os dois dirigiram-se a praça da
universidade apreciarem a lua cheia. Nicholas contou nunca tê-la esquecido
desde que a conheceu no centro comunitário. Alice afirmou ter ficado
impressionada com aquele garoto rebelde, mas não quis se envolver com ninguém.
O rapaz comentou como a vida os aproximou novamente deveriam dar uma chance ao
amor. Sorrindo ela desejava namorar um homem gentil. Eles se abraçaram e beijaram-se.
CONTO - HIPOTESES ARTIFICIAIS
Naquele domingo à noite José estava
jogando baralho com seus amigos. Alguns reclamaram que a situação estava
difícil. Rindo outro falou que poderiam jogar na loteria, pois o prêmio estava
acumulado em R$62.000.000,00 milhões de reais. Todos riram, continuaram com o
jogo. Depois das 23 horas e 30 minutos José retornou a sua casa, ele morava no
campo, tinha 47 anos, era solteiro, nenhuma mulher queria comprometer-se com
ele porque era relaxado.
Na segunda-feira precisou ir à
cidade fazer compras. Quando estava passando em frente de uma casa lotérica
entrou neste estabelecimento, pegou uma cartela, escolheu seis números, jogou
no prêmio acumulado. Depois retornou a chácara. José era empregado de um
médico, as 16:00 horas o filho do seu patrão veio buscar frutas e legumes. O
rapaz chamava-se Diogo, tinha 23 anos, estudava jornalismo. Contente José
conversou e divertiu-se com o moço.
Na quarta-feira à noite foi na casa
do vizinho jogar baralho. Reuniram-se todos os seus amigos: Pedro, Mateus,
João, Paulo, Marcos, sua esposa Ana e a bela viúva Inês. Então se lembrou que a
professora Inês casou-se com Antônio, infelizmente depois de seis meses ele
teve ataque cardíaco e faleceu. Há cerca de um ano paquerava Inês. Eles
divertiram-se bastante, as vinte e duas horas ouviram no radio os números
sorteados no jogo lotérico. José procurou disfarçar, mas tinha certeza de ter
escolhido os mesmos números sorteados.
Era quase meia noite quando chegou
em casa, curioso pegou o bilhete do jogo lotérico. Feliz verificou que escolheu
os números premiados. No dia seguinte foi à casa lotérica, mostrou ao dono o
seu bilhete. O homem o abraçou, pois o único bilhete premiado estava na cidade
Jurubeba. José recebeu sozinho os R$62.000.000,00 milhões de reais.
Infelizmente ele não tinha família, pois foi abandonado em um orfanato. Quando
tornou-se adulto trabalhou para sobreviver.
Contente José foi às lojas da
cidade, comprou roupas e calçados novos. Como tinha bastante dinheiro viajaria
nos pontos turísticos brasileiros. Por precaução depositou quase todo o
dinheiro do prêmio no banco. Ele fez uma festa para seus amigos, deu presentes
a eles. Depois viajou ao Rio de Janeiro. Passados uns dois meses enquanto
estava nas praias de Porto Seguro conheceu Rita, uma linda morena. Ele
apaixonou-se perdidamente por aquela mulher. Eles começaram a namorar, após
vinte dias a pediu em casamento. Ela aceitou o pedido, feliz comentou que com o
seu dinheiro compraria uma fazenda em Jurubeba, viveria feliz com sua esposa.
Rita não gostou de morar naquela
pequena cidade, mas para ver o amado feliz por enquanto moraria naquele lugar.
José convidou a cidade inteira para o seu casamento. O noivo não frequentava
nenhuma igreja, convidaram o juiz para fazer a cerimônia. Após a celebração fez
um banquete aos convidados. Toda a cidade ficou agitada com este evento. José
vestia terno e gravata, Rita colocou um lindo vestido de grife famosa. Depois
da festa os noivos viajaram em lua de mel a Paris.
Passados dez dias retornaram ao
Brasil, foram morar na bela fazenda em Jurubeba. José estava muito feliz, Rita
além de irritada não agradava o marido. Como não sabia dirigir automóveis José
precisou contratar um chofer. A cidade Jurubeba era banhada pelo grande rio
Violeta. Com alguns investimentos teriam excelentes pontos turísticos. O novo
milionário da cidade achou interessante investir nessas obras.
Passados dois meses José saiu com
alguns amigos depois de ter discutido com Rita. Eles foram a um baile, animado
ele dançou com várias mulheres, tomou bebidas alcoólicas. Durante a madrugada
entrou no automóvel, pediu para o chofer levá-lo a sua casa. Devido ao sono
cochilou. O chofer parou o veículo em cima da ponte, fechou as portas, empurrou
o automóvel no rio. No domingo cedo encontraram o verdadeiro chofer amarrado no
mato. José havia desaparecido, passadas
algumas horas os bombeiros encontraram o veículo no fundo do rio, mas não
acharam o corpo. Durante 48 horas toda a cidade procurou por José e não o
encontraram. Aflita Rita desejou rever seu marido. Passados dez dias foi dado
como desaparecido. Irritada a esposa queria retirar dinheiro do banco, sem a
autorização do marido não conseguiu movimentar as contas bancarias.
Os amigos de José foram à fazenda
todos os dias, Rita os expulsou de sua casa. Inês arrependeu-se por não ter
aceitado sair junto com seu amigo quando foi convidada. Diogo se aproximou da
esposa do milionário, começou a paquerá-la. Como era um rapaz bonito e charmoso
a mulher não resistiu aos seus encantos. Os dois começaram a terem encontros
amorosos. No último encontro Rita confessou detestar José, aproximou-se dele
por causa do dinheiro, pagou um criminoso para eliminar o marido. Diogo filmou
a confissão de Rita no telefone celular, levou agravação a delegacia, os
policiais prenderam aquela mulher.
José reapareceu na cidade, contou que naquela noite foi
salvo por dois adolescentes que fugiram do orfanato. Ele pediu ajuda a Diogo,
devido aos estudos de jornalismo o aconselhou a ficar desaparecido enquanto
investigava os suspeitos. A principal suspeita era a esposa Rita. Ele voltou a
morar na fazenda, convidou Inês para passear. José e Inês começaram a namorar,
passados três meses se casaram. Em gratidão adotou os vinte e três adolescentes
e as crianças que moravam no orfanato, os levou a sua fazenda. José ajudou
muitas pessoas carentes, descobriu a verdadeira felicidade vivendo com sua
esposa e trinta e quatro filhos adotivos.
CONTO - MIGRANTE TRANSIGENTE
O professor Rodolfo estava contente,
pois acabava de receber a carta, comunicando-o que acabava de aposentar-se. Ele
lecionava numa faculdade publica de uma importante cidade do estado de São
Paulo. Com 59 anos não precisaria mais trabalhar, finalmente poderia viajar e
dormir, sem preocupar-se com o serviço. Como estava no início de dezembro, iria
descansar. As 22h30m terminou a última aula, despediu-se dos alunos, voltou a
sua casa.
Enquanto tomava banho lembrou-se que
a ex-esposa o traiu com um dos seus alunos. Seu filho mais velho estudava em
São Paulo. Ele estava querendo ganhar de presente um automóvel zero quilometro.
A filha namorava um dentista há dez anos. Mas não se casará com o noivo antes
de terminar a faculdade de direito. Ela terminará o curso superior dentro de
três anos. Até lá o papai precisará pagar as mensalidades de sua universidade.
Frustrado sentou-se na cama. Pois
nada significava aos seus filhos, valorizavam apenas o dinheiro. Desanimado
achou melhor deitar-se na cama e dormir. Nas festas do final do ano viajou ao
Rio de Janeiro. Retornando a sua casa percebeu que sentia-se vazio por dentro.
Naquele ano novo precisaria fazer uma pesquisa onde fosse valorizada a sua
pessoa.
Animado ligou o computador para
pesquisar as notícias do mundo. Ele ficou surpreso quando viu que desde 2004,
morreram 13 cortadores de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. O ganho deles
era por produtividade, não paravam para comer, trabalhavam o dia inteiro, num
ritmo acelerado. Pois eram remunerados de acordo com a quantidade de toneladas
de cana-de-açúcar cortada durante o dia. A maioria dos cortadores de
cana-de-açúcar se deslocavam do Nordeste como migrantes.
Curioso começou a refletir porque
tantas pessoas deixavam a sua terra natal para trabalharem num local distante.
Ele telefonou a um amigo funcionário da usina pedindo os nomes das cidades dos
migrantes. No dia seguinte o amigo lhe informou que a maioria dos empregados da
empresa vinham da cidade Gororoba, estado Ceará.
A safra de cana-de-açúcar começava
em abril. Desejando fazer uma pesquisa o professor Rodolfo decidiu conhecer a
cidade Gororoba. Assim descobriria porque tantos trabalhadores deixaram as suas
casas. Trabalhavam um determinado tempo no Estado de São Paulo como cortadores
de cana-de-açúcar.
No dia dez de janeiro entrou na sua
caminhonete, iniciou a viagem com destino ao Ceará. Passadas trinta horas
cansado estacionou seu veículo em um posto de gasolina. Então o informaram que
a cidade Gororoba ficava a uns quinze quilômetros deste local. Depois de
almoçar prosseguiu a viagem. Enquanto dirigiu sua caminhonete naquela estrada
dura e sem asfalto viu uma mulher deitada no chão. Preocupado parou o veículo
para socorrê-la. Quando aproximou-se dela, alguém com um pedaço de pau deu uma
pancada na sua cabeça.
Rodolfo caiu desmaiado no chão. A
mulher levantou-se, junto com seu parceiro roubaram à caminhonete. Naquele
momento apareceu andando na caatinga uma mulher com três crianças. Eles o
socorreram, quando recuperou os sentidos, contaram que foi assaltado pela dupla
Urubu e Maritaca. O professor apresentou-se, as crianças riram porque a
linguagem falada era diferente da utilizada por eles. A mulher chamava-se
Zumira, os seus filhos chamavam-se Bonfim, Estelina e Severina. O professor
precisava avisar os policiais que foi assaltado.
Zumira uma mulher de quarenta anos,
o acompanhou até a cidade. Essas pessoas caminharam quase duas horas pela
caatinga. Chegaram à Gororoba, uma pequena cidade onde morava umas mil pessoas.
Foram à delegacia, Rodolfo deu seu depoimento. O único banco da cidade estava
fechado. Como este homem não tinha dinheiro para hospedar-se na pensão, Zumira a
hospedou na sua casa. Preocupado perguntou se o marido dela não iria ficar
bravo vendo-o na sua residência. Ela riu, contou que há oito anos o pai dos
seus filhos foi cortar cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. Ele fugiu com
outra mulher. Eles caminharam uns vinte minutos, chegaram no casebre desta
mulher.
Durante as suas pesquisas Rodolfo
ficou hospedado na residência de Zumira. No Estado Ceará em Fortaleza
desenvolveu-se o comércio e no Sertão o gado e o algodão. Na cultura cearense
destacou-se: trabalhos de tecelagem como a rede. Chapéus, bolsas e peças de
decorações feitos com a palha. A renda da terra eram as belíssimas rendas
cearenses, este tipo de artesanato feito pelas mulheres rendeiras. O bordado
cearense tornou-se famoso no mundo, às bordadeiras aprenderam o oficio na
infância. A cerâmica cozida, feito do barro cozido, eram rústicos, mas úteis,
exuberantes nas cores e nas formas. Os vaqueiros cearenses, com seus chapéus,
coletes e botas do tipo artesanato cearenses tornaram-se inconfundíveis. Destacavam-se
os produtos em couro: sandálias, sapatos, tapetes e objetos de decorações.
Rodolfo simpatizou-se por Zumira, os
dois começaram a namorar. Bonfim tinha onze anos, Estelina dez anos e Severina
nove anos. O menino contou que o seu super-herói era o Lampião, maior
cangaceiro do nordeste brasileiro. Ele e seus homens percorreram os sete
estados da região nordestina durante as décadas de 1920 e 1930, levando sangue,
morte e medo à população do sertão. Lampião e seu bando enfrentaram combates,
sobressaltos e a agressividade da caatinga.
Nos seus estudos o professor Rodolfo
concluiu que a migração nordestina aconteciu principalmente por causa da seca.
Entre eles existia o costume de plantar nas roças apenas o essencial. Suas
casas eram construídas com simplicidade, pois se tivessem de abandoná-las não
teriam prejuízos. Os homens costumam migrar para o corte de cana-de-açúcar
porque pelas atividades exercidas não ganhavam dinheiro para sobreviverem
durante o ano.
Milhares de nordestinos migravam
fugindo da miséria e pobreza da vida no sertão. Mas o governo e as elites
poderosas ignoravam este local e seus habitantes. Pois não faziam investimentos
no sertão com o objetivo de proporcionar uma vida digna a seus moradores.
Zumira e seus filhos eram analfabetos, eles sobreviveram porque venderam
bordados ao dono do mercado.
Passaram-se vinte dias, Rodolfo
terminou seus estudos. Então convidou a namorada e seus filhos para irem embora
junto com ele. Zumira recusou o pedido, pois o professor se impressionou com
ela. Mas em breve, ficaria cansado de sua companhia e a abandonaria. Por isto
achou melhor ficar em sua terra natal. Chateado o professor retornou a sua
casa.
Com o passar dos dias percebeu que a
sua família e amigos eram individualistas e materialistas. Agoniado lembrou-se
da bondade e simplicidade de Zumira, Bonfim, Estelina e Severina. Essas
crianças poderiam ter um futuro brilhante se fossem alfabetizados. De repente
teve uma ideia, colocou sua casa a venda.
Após oito dias retornou à cidade
Gororoba. Animado visitou a namorada. Ele contou que voltou para ficar. Pretendia
fazer um poço artesiano e construir uma bela casa naquele local. Pois
futuramente contrataria uma professora para alfabetizar jovens e adultos.
Fundaria uma pequena empresa, os funcionários fariam trabalhos de tecelagem e
bordados. Zumira gostou desses projetos. As crianças o abraçaram, Rodolfo
beijou sua namorada.
Naquela quarta-feira às doze horas e quinze minutos tinha poucas pessoas no banco. De repente entraram cinco homens, eles estavam mascarrados, segurando revolveres gritaram que era um assalto. Um dos funcionários do banco apertou o alarme avisando a polícia. Os assaltantes reuniram na área central deste estabelecimento os funcionários e clientes, ao todo tinha cinco mulheres e sete homens. O gerente do banco nervoso tentou conversar com os bandidos falando que aquele assalto era uma loucura, pois o banco tinha um sistema perfeito de segurança. Rindo o líder do grupo tirou a mascarra, comentou que dariam uma lição nos donos deste estabelecimento.
As pessoas reconheceram o
assaltante, ele já tinha trabalhado como gerente deste banco. Depois que foi
demitido perdeu todos os seus bens financeiros e estava endividado. Naquele
momento chegou a polícia, cercaram o banco, pelo auto-falante pediram para os
assaltantes libertarem os reféns e entregarem-se. O líder libertou um senhor de
idade e duas mulheres, entregaram aos policiais um bilhete:
Não queremos machucar ninguém, para
libertarmos os outros reféns entregue-nos dois milhões de reais. Providenciem
um bom veículo automotor, não siga-nos quando saímos do banco.
Apavorados os reféns acharam que os
policiais nunca aceirariam a proposta dos assaltantes. Rindo o líder dos
bandidos falou que os seus prisioneiros nunca passaram tanto medo nas suas
vidas. Um rapaz de vinte e dois anos chamava-se Anderson, era estudante de
contabilidade. Há cerca de três meses visitou o seu primo na metrópole do
Estado. Num sábado ambos foram a uma festa realizada no bairro nobre da cidade.
Os convidados deste evento tinham automóveis do ano ou importados.
A festa estava animada, foram
servidas inúmeras bebidas alcoólicas, vários convidados usaram cocaína. Passada
de uma hora da manhã o dono da casa desejou tornar a festa alucinante, pois
entre os seus convidados tinha um portador do HIV, lançou a proposta de terem
relações sexuais sem usarem o preservativo. Vários convidados foram embora,
enquanto outros começaram a ter intimidades entre si.
Como o rapaz havia tomado várias
bebidas alcoólicas e consumido drogas transou com várias pessoas, não usou o
preservativo. Passados alguns dias Anderson teve alguns problemas de saúde,
precisou ir ao médico que o mandou fazer vários exames. O exame de sangue
indicou que ele era portador do HIV, devido ao seu nervosismo foi aconselhado a
tomar todos os cuidados para não transmitir aids às outras pessoas.
Algumas pessoas sentiram pena do
rapaz. Outro refém, um homem de quarenta anos riu forçadamente, contou que sua
estória era mais triste do que a do Anderson. Ele chamava-se Danilo, desde
jovem era viciado em jogos. Por sorte casou-se com Valéria, uma linda mulher,
mas foi esperto, pois não comentou o seu vício. Durante dois anos viveram muito
felizes, por azar durante os últimos jogos perdeu bastante dinheiro. Ele
precisou vender o carro e hipotecou a casa. Como não tinha dinheiro para pagar
as dívidas o banco exigiu que saíssem da residência, pois a venderiam.
Desesperado contou a verdade à esposa, depois de discutirem agoniada contou os
seus problemas pessoais ao patrão. Valéria trabalhou como caixa em um
supermercado, o dono deste estabelecimento tinha várias propriedades, estava
separado da esposa há uns dois meses.
No outro dia este homem procurou
Danilo, falou que pagaria as suas dívidas. Em troca Valéria deveria transar com
ele uma vez por semana durante seis meses. Ele teve vontade de bater no patrão
de sua esposa, mas lembrou-se das dívidas, comentou que precisaria conversar
com Valéria. A esposa ficou indignada com esta proposta, pediu demissão do
serviço. Passadas duas semanas quando viu os graves problemas financeiros
conversou com Danilo, achou melhor aceitar a proposta do seu ex-patrão.
Aquele homem pagou as dívidas,
começou a transar com a esposa do jogador. Ele deu vários presentes a Valéria,
passadas quatro semanas ela separou-se do marido e foi morar com o dono do
supermercado. Angustiado jurou nunca mais jogar, mas se vingaria do homem que
roubou sua esposa.
Passados uns três meses ficou
sabendo que o dono do supermercado iria à festa de despedida de solteiro do seu
amigo. Danilo decidiu vestir-se de mulher, tentaria seduzi-lo, no momento
adequado castraria o pênis dele. Neste evento os seus planos estavam dando
certo, por azar Valéria o reconheceu, deram uma sura nele. Devido aos
ferimentos ficou internado no hospital por uns quinze dias.
O líder dos assaltantes riu do
Danilo, uma mulher de corpo deformado comentou que a sua estória era mais
triste do que a dos outros reféns. Ela chamava-se Marinalva, com dezoito anos
casou-se com um jogador de futebol. Após um ano teve uma menina, chamou-a de
Cristina, mas o seu marido a abandonou. Passado algum tempo conheceu Beto, o
famoso ator de teatro. Apaixonou-se perdidamente pelo lindo moreno. Como estava
difícil arrumar empregos Beto a convidou para ser sua parceira nos golpes. Os
dois aproximaram-se de casais ricos, tentariam seduzi-los, enquanto estavam
traindo os seus parceiros, começariam a fazerem chantagem anônima, deveriam
pagar determinada quantia em dinheiro para não ser descoberta a traição.
Marinalva pediu para sua mãe cuidar
da filha, enquanto ela e o amante viajaram por várias cidades dando golpes.
Durante oito anos destruíram vários casamentos, ganharam bastante dinheiro com
as chantagens. O último golpe foi em um fazendeiro e uma professora. Esta
mulher sofreu demais com o final do seu casamento, mas pagou um detetive para
descobrir a verdadeira identidade dos chantagistas. Em uma tarde enquanto
Marinalva fazia compras recebeu uma carta com a seguinte mensagem: Você deve
estar feliz por ter destruído o meu casamento. Eu sequestrei a sua filha, exijo
cem mil reais de resgate. Ou melhor, devolvam o dinheiro que roubaram de mim e
do meu marido, senão matarei a menina.
Desesperada telefonou a sua mãe,
Cristina havia desaparecido. Amargurada durante vinte e quatro horas vendeu
joias, dólares, o automóvel e emprestou dinheiro para conseguir a quantia do
resgate. Em uma praça depois de entregar os cem mil reais pode abraçar a menina
de dez anos. Amargurada a professora colocou trinta mil reais numa sacola,
entregou a Cristina falando:
- A sua mãe é um monstro, pois junto
com o amante destroem casamentos, chantagearam pessoas. Ela apenas devolveu o
meu dinheiro, estou dando-te esta quantia de dinheiro, pois a usei para
chantagear esta bruxa.
Marinalva levou Cristina à casa de
sua mãe, discutiu com a menina. Quando contou ao Beto que entregou o dinheiro
deles como resgate de sua filha, ele bateu nela e fugiu. Devido à sura, seu
corpo ficou deformado.
Fora do banco juntou-se uma
multidão, gritavam para libertarem os reféns, pois se os assaltantes queriam
dinheiro deveriam trabalhar. Anderson contou que na Antiguidade Clássica os
escravos trabalhavam enquanto os cidadãos filosofavam. Durante a Idade Média o
trabalho cabia aos servos, os senhores feudais eram os poderosos donos da
terra. No final da Idade Média aconteceram transformações com A Reforma
Religiosa, O Renascimento Cultural e as Grandes Navegações. Com o Iluminismo
vieram avanços científicos e tecnologias inovadoras. A Evolução Industrial
divide-se em três momentos distintos. A primeira foi quando inventaram a
máquina a vapor, grande parte dos agricultores e artesões começaram a trabalhar
nas indústrias em troca do salário. Surgiu à burguesia, donos dos meios de
produção e o proletariado, mão de obra assalariada. No final do século XIX
ocorreu a Segunda Evolução Industrial. Pois descobriram a eletricidade e os
trabalhadores começaram a lutar por seus direitos. A Terceira Evolução
Industrial aconteceu a partir da metade do século XX, com o desenvolvimento da
automação. Atualmente aumentou o serviço terciário ou de serviços, globalização
da economia, uso tecnológico de ponta. O mercado de trabalho tornou-se
competitivo, com o aumento do desemprego piorou a fome, falta de moradia,
assaltos.
No mundo existe muita violência, várias
pessoas não acreditam na existência de Deus comentou Marinalva. Sorrindo falou
que chantageou um professor de filosofia, ele acreditava em Deus, estudava os
seus ensinamentos escritos na Bíblia. Pois gostava de estudar três
acontecimentos fantásticos:
Os
filhos de Jacó sentiam ciúmes do irmão José que conseguia explicar os sonhos,
certo dia o venderam a mercadores para ser escravo no Egito. Passados alguns
anos o Faraó teve um sonho, mas ninguém conseguiu interpretá-lo. O Faraó mandou
chamar José, além de interpretar o sonho, aconselhou o Faraó. O conselho do
rapaz agradou o Faraó e seus ministros, ele tornou-se vice-rei do Egito. Nos
sete anos de abundância José armazenou trigo nos viveres das cidades. Durante a
seca os dez irmãos de José foram ao Egito comprar trigo. José os tratou com
severidade para verificar o arrependimento deles, submetendo-os a várias
provas. No final José perdoou os seus irmãos e acolheu com carinho a sua
família.
Os
filhos de Israel tornaram-se numerosos no Egito, uma ameaça aos egípcios. O rei
do Egito escravizou este povo, mandou jogar no rio Nilo todo menino assim que
nascesse. Uma mulher da tribo de Levi teve um filho homem, o escondeu por três
meses. Quando não pode mais escondê-lo, colocou-o no cesto, e o depositou nas margens
do rio. A filha do Faraó desceu para tomar banho no rio, viu o cesto, teve
compaixão do menino. Ela o adotou, chamou-o de Moisés. Quando tornou-se adulto
Moisés viu o sofrimento dos seus irmãos. Ele matou um egípcio, fugiu ao país de
Madiã. Deus escolheu Moisés para ser o líder do seu povo, pois deveria
libertá-los da escravidão do Egito e conduzi-los a Terra Prometida.
Jesus
Cristo nasceu na cidade de Belém, na Judéia. Chegaram a Jerusalém alguns reis
magos do Oriente perguntando onde estava o recém-nascido rei dos judeus, pois
viram a sua estrela e vieram homenageá-lo. O rei Herodes ficou apavorado,
consultou os sacerdotes, foi informado que o Messias deveria nascer em Belém. O
rei Herodes enviou-os a esse local, mas pediu para o avisarem assim que o
encontrassem, pois também queria homenageá-lo. Depois de ouvirem o rei
partiram, a estrela os conduziu ao lugar onde estava o menino. Os reis magos
homenagearam o menino, avisados em sonhos voltaram a sua terra por outro
caminho. O Anjo do Senhor avisou José em sonho para levantar-se, pegar o menino
e a sua mãe e fugirem para o Egito. Durante a noite José, Maria e o menino
Jesus Cristo fugiram ao Egito. Herodes mandou matar todos os meninos de Belém
desde os recém-nascidos até dois anos, pois tinha medo de perder o poder.
No
século III, Santa Eugênia, com vinte anos foi jogada na fornalha das termas de
Severo. O fogo apagou-se instantaneamente, não conseguiram acender o fogo
enquanto a santa ficou dentro do forno.
No
século V, um incêndio ameaçava destruir Viena – Austrália. O arcebispo São
Marmerto, prostrou-se defronte o altar, pediu ajuda a Deus, o incêndio
apagou-se sozinho.
No
século XVI, o fogo queimava o bosque na América. A tribo de índios ficou
cercada pelo incêndio. São Luís Bertrand pediu com fé a Jesus Cristo, fez
contra o fogo o sinal da Cruz, o incêndio acabou-se naquele momento. O
professor de filosofia comentou que atualmente não acontecem esses fatos
extraordinários, pois o homem inventou a eletricidade, automóvel, avião,
precisa usar de sua própria inteligência para resolver os seus problemas
sociais.
Danilo
respirou profundo, falou que o homem é um ser livre, escolhe praticar o bem ou
o mal. Infelizmente até o momento ele praticou o mal, fez seus familiares e
amigos sofrerem. Não teve coragem de procurar a sua mãe idosa, abraçá-la e
dizer como a amava. Ele abandonou a sua primeira esposa, não ajudou a educar os
seus dois filhos. Pois era sua obrigação ensiná-los a valorizarem o trabalho, preveni-los
sobre o consumo de drogas e transmissão de doenças.
Se
por acaso os assaltantes o matassem neste momento seria justo o seu espírito ir
ao inferno. Porque foi covarde durante toda a vida, valorizou trapaças,
enganações, ganhou dinheiro com facilidade. Talvez não merecesse uma segunda
chance para reparar os seus erros. A vida era valiosa, somos felizes e trazemos
felicidades às outras pessoas quando praticamos as boas ações.
Os assaltantes ficaram comovidos com essas palavras, entregaram-se a polícia e libertaram os reféns.