quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Capitulo 8 - O Abandono do Bebê

Rute ficou abalada quando leu o bilhete e o mostrou para Simão. Ele ficou inconformado depois que o leu e falou:
- Rebeca não tinha o direito de abandonar o meu neto.
- Esta moça é jovem, em sua gravidez aconteceu várias coisas que a deixaram traumatizada, falou Rute.
- Uma mãe nunca deve rejeitar o seu próprio filho, falou Simão.
- Todas as crianças devem ser amadas e tratadas com carinho, falou Rute.
- Infelizmente parece que a vida deste menino vai ser igual a do finado pai dele, falou Simão.
- Acalme-se Simão, quando a mãe do Joel fugiu com outro homem nesta época ele não tinha uma amiga que se preocupava com ele, falou
Simão desesperado começou a chorar e falou:
- Eu tinha tantos planos para fazer o meu neto feliz, agora este menino será infeliz porque não terá o amor de sua mãe.
- Joel será muito amado por mim, vou adotar este menino, falou Rute sorrindo.
Rute gostava do Joel como se fosse seu filho. Ela telefonou para a dona Francisca e contou que a Rebeca tinha abandonado o seu filho. Como desejava adotar Joel, pediu para esta mulher lhe orientar sobre o que deveria fazer para conseguir legalizar esta adoção. A assistente social permitiu que o Joel ficasse por sessenta dias na sua casa. Rebeca desapareceu e ninguém conseguiu encontrá-la. O juiz verificou que cuidavam bem do menino e o amavam, então permitiu que fosse adotado por Rute. Simão também amava o seu neto e continuou morando naquela casa. A Associação de Bairros da Vila Dedo Duro precisava contratar um motorista, dona Francisca arrumou esse emprego para o seu amigo Simão. 
Passaram-se vários anos, Joel crescia bonito e com saúde. Rute era feliz porque tinha um pai e um filho adotivo. Na sua casa os três se amavam, viviam com paz e harmonia. Ela se orgulhava do Joel, com seus dez anos estudava na quarta série, gostava de ler livros e fazia natação. Ele tinha ganhado algumas medalhas nas competições que participou. Quando fez doze anos que Rute comprou sua casa terminou de paga-la. Para aumentar sua felicidade no mesmo mês fez vinte e dois anos que trabalhava no mesmo emprego. Numa segunda-feira quando chegou na sua casa achou estranho receber uma carta vindo da cidade de Bauru, não tinha nenhum parente ou amigo que morava neste lugar. Depois que abriu o envelope ficou espantada quando leu a carta: “Querida Rute espero que esteja tudo bem com você quando receber esta carta. Até hoje não me conformo por ter abandonado o meu próprio filho. Penso todos os dias no Joel, precisamos conversar com urgência. No próximo domingo vou a cidade Caloteira, às catorze horas telefonarei a sua casa. Por favor, esqueça o ódio que sente por mim e converse comigo. Nenhuma palavra consegue explicar o erro que cometi. Sinto remorso e gostaria de ver o meu filho pessoalmente. No domingo conversaremos mais detalhadamente: Rebeca dos Santos”
Desesperada Rute começou a chorar. Ela e o seu Simão com muito amor e carinho cuidavam do Joel. Nunca imaginou que Rebeca poderia aparecer e levar o seu filho embora. Aquela mulher era mãe de sangue do menino, mas Rute se julgava mãe de coração porque cuidava dele desde que nasceu. Então a porta da sala se abril, Joel entrou segurando uma bola de futebol e falou:
- Tia Rute consegui marcar um gol no jogo de futebol.
Ela tentou disfarçar, passou suas mãos no seu rosto e falou:
- Meus parabéns garoto, praticar esportes faz bem para a saúde.
O menino notou que ela estava nervosa e perguntou:
- Aconteceu alguma coisa para a senhora estar chorando?
- Eu não estou chorando, entrou um cisco no meu olho, respondeu Rute.
- Eu vou fazer de conta que acreditei nas suas palavras, falou Joel sorrindo.
- Joel já esta tarde, acho melhor você ir tomar banho, falou Rute.
- Meu neto, por favor, não demore, o seu avô também precisa tomar banho e esta com fome, falou Simão.
Joel sorrindo falou que em um minuto estaria no banheiro. Rute e Simão ficaram sozinhos na sala, então ele perguntou:
- Rute o que aconteceu, pois vi você chorando quando entrei na sala?
Ela entregou a carta e falou:
- Leia esta carta, então o senhor compreenderá porque fiquei desesperada.
Simão leu a carta, aflito sentou no sofá e falou:
- Esta mulher abandonou o meu neto quando era bebê, agora que tem dez anos vai querer levá-lo embora.
- Acalme-se seu Simão, ela apenas quer conversar comigo e ver o seu filho pessoalmente, falou Rute.
- Poder estar ao lado do Joel e ver este menino crescer é que me dá motivos para ser feliz nesta vida, falou Simão.
- Eu compreendo o senhor, mas não podemos impedir que uma mãe tente se aproximar do seu filho, falou Rebeca.
- Você ficará feliz se a Rebeca levar o Joel embora desta casa? Perguntou Simão.
Joel tinha terminado de tomar banho e gritou do banheiro:
- Avô Simão já tomei banho, daqui a dois minutos sairei daqui.
- Devemos nos acalmar, primeiro vou conversar com Rebeca para ver o que ela deseja fazer, falou Rute.
Simão deu um sorriso sem graça, foi ao quarto pegar roupas limpas e entrou no banheiro. Como estava escurecendo Rute achou melhor fazer o jantar. Apesar do sofrimento os dias da semana passaram vagarosamente. No domingo à tarde Joel quis ir ao clube treinar natação. Simão falou que iria junto com ele rever alguns amigos. Rute sabia que a Rebeca iria telefonar para ela e falou que estava com dor de cabeça. Às treze horas e trinta minutos Joel e seu avô foram ao clube. Nervosa e ansiosa Rute esperava os minutos se passarem. Às catorze horas o telefone tocou, quando atendeu era Rebeca, elas conversaram um pouco. Rebeca queria conversar com ela pessoalmente, nervosa pediu para se encontrar na praça. Quando Rute a viu falou:
- Oi Rebeca, que surpresa poder vê-la pessoalmente.
- Oi Rute, estou envergonha, nenhuma palavra consegue explicar o que estou sentindo, falou Rebeca.
- Nós duas tivemos problemas no passado, será que posso lhe dar um abraço de boas vindas? Perguntou Rute.
Rebeca sorriu, as duas se abraçaram, enquanto saiam algumas lágrimas dos olhos da Rebeca ela falou:
- Desde as onze horas da manhã fiquei escondida vigiando sua casa, de longe vi o meu filho Joel, ele é um lindo menino.
- Rebeca o que você fez da sua vida nesses dez anos que ficou desaparecida? Perguntou Rute.
- Eu fui para a cidade de São Paulo com o tal do Edivaldo, no começo parecia ser um cara legal. Nós dois fomos morar na casa de um amigo dele. Passado um mês arrumei emprego em uma padaria. De repente ele começou a ficar estranho comigo, certo dia precisei ir em casa mais cedo e o vi me traindo com outra mulher. Parecia que o mundo ia acabar, arrumei minhas coisas e fui andando sem rumo por aquela cidade, falou Rebeca.
- Quando o meu ex-noivo me traiu eu também fiquei desesperada, falou Rute.
Rebeca riu e falou:
- No meio deste pesadelo enquanto atravessava uma rua um motorista de caminhão me atropelou. Marcos era um bom homem, ele me socorreu e levou-me ao hospital. Inexplicavelmente ficamos amigos e nos apaixonamos, falou Rebeca.
- Você é uma mulher de sorte, esta difícil encontrar o amor verdadeiro, falou Rute.
- Marcos era um homem bondoso e solteiro, depois de quatro meses que nos conhecemos ele quis se casar comigo, falou Rebeca.
- Meus parabéns Rebeca lhe desejo muitas felicidades, falou Rute.
- Já faz nove anos que sou casada com o Marcos, nós dois moramos na cidade de Bauru e tivemos três filhos, falou Rebeca.
Rute a abraçou novamente e falou:
- Rebeca meus parabéns, você é uma mulher de sorte por ter tido quatro filhos.
- André tem oito anos, César seis anos e a minha filha caçula Verônica quatro anos, falou Rebeca.
- Por favor, Rebeca você tem alguma fotografia dos seus filhos, falou Rute.
Rebeca abriu sua bolsa e mostrou uma fotografia dela abraçada com o marido e os três filhos estavam na frente do casal.
- Os seus filhos são lindos, falou Rute.
- Eu sempre amei André, César e Verônica, procuro ser uma boa mãe para eles, mas penso todos os dias no Joel, falou Rebeca.
- Desde aquele dia que você foi embora da minha casa eu e o senhor Simão cuidamos do Joel, nós o amamos e procuramos lhe ensinar os valores da vida humana, falou Rute.
- Naquela época fui egoísta, pois só pensei na minha felicidade, falou Rebeca chorando.
- Não se culpe pelos erros cometidos no passado, na sua gravidez seus irmãos a expulsaram de casa, o pai do seu filho estava viciado em drogas, quando estava se recuperando foi assassinado. Você precisava ser amada e compreendida, infelizmente naquela época só sentiu dores e sofrimento, falou Rute.
- Rute você é uma pessoa incrível, pois se preocupa com a felicidade das outras pessoas, falou Rebeca.
- Não quero ser uma pessoa chata, mas o senhor Simão ficará muito triste se você levar embora o Joel da minha casa, falou Rute.
- Meu filho teve sorte por ter sido adotado por você Rute, quero que ele continue vivendo ao seu lado até que se tornar adulto. Apenas desejo conversar com Joel e pedir perdão por tê-lo abandonado quando era bebê, falou Rebeca.
Rute tentou se acalmar do seu nervosismo e falou:
- Você tem o direito de conversar com o seu filho, eu pretendo ajudar no que precisar.
- Gostaria de conversar com o meu filho ainda hoje, falou Rebeca.
Rebeca falou que o seu marido trabalhava em uma transportadora, neste domingo precisou levar uma carga a cidade de São Paulo. Ela aproveitou esta viagem e veio junto com ele até a cidade caloteira. Eles dois combinaram que se encontrariam as vinte e uma horas na rodoviária da cidade. Rute falou que o Joel e o avô dele voltariam para casa depois das dezessete horas. Neste tempo as duas deveriam se preparar para conversarem com o menino. Às dezessete horas e trinta e cinco minutos Joel e o seu Simão chegaram em casa. Rebeca ficou na cozinha, quando Joel viu Rute falou:
- Tia Rute me sai bem no treino de natação hoje, estou preparado para ganhar uma medalha naquele torneio que acontecerá daqui a três semanas.
- Meus parabéns Joel, preciso ter uma conversa muito séria com você, falou Rute.
Rindo o menino falou:
- Eu não desobedeci nenhuma das suas ordens tia Rute, por que a senhora esta brava comigo?
Rute sorriu, ela o abraçou e falou:
- Adoro as suas brincadeiras, por acaso você não tem vontade de conhecer a sua mãe verdadeira?
Joel ficou chateado com esta pergunta e respondeu:
- A minha mãe me abandonou quando era bebê, é ela que deve ter vontade de conhecer o seu filho.
- Rebeca a sua mãe de sangue sentiu saudades e deseja conversar com você Joel, falou Rute.
Revoltado o menino falou:
- Quando precisei da minha mãe ela me abandonou, agora que estou crescido não preciso mais dela.
- Raiva e ódio são sentimentos que fazem mal para nós mesmo. Joel por favor, leia esta carta que a sua mãe escreveu para mim, falou Rute e entregou a carta para o menino ler.
Depois que o menino leu a carta perguntou:
- Tia Rute a senhora conversou com a minha mãe?
- Eu conversei com a Rebeca, ela mandou lhe dizer que se arrependeu por tê-lo abandonado quando era bebê e o ama muito, respondeu Rute.
O menino ficou emocionado, algumas lágrimas saíram de seus olhos, então Rute perguntou:
- Joel você gostaria de conversar com a sua mãe?
- Já faz dez anos que a minha mãe desapareceu, mesmo se tivesse vontade de conversar com ela não sei como encontrá-la, respondeu Joel.
Neste momento Rebeca que estava no quarto  se aproximou do menino e falou:
- A sua mãe esta na sua frente e lhe ama bastante.
Os dois se abraçaram e choraram. Emocionados conversaram, Rebeca contou como foi a sua vida nesses dez anos. Joel falou que estava na escola, gostava de nadar e no seu tempo livre brincava com os seus amigos. Rute e Simão ficaram de longe observando mãe e filho conversando. Rute fez o jantar. Às dezenove horas e quinze minutos ela convidou Simão, Rebeca e Joel para jantarem. O menino ficou contente quando viu a fotografia de seus três irmãos. Rebeca falou que poderia ir conhecê-los quando quisesse. Depois que jantaram a mãe do Joel falou que precisava ir embora, pois deveria estar na rodoviária as vinte e uma horas para se encontrar com seu marido. O menino começou a chorar e falou que sua mãe iria abandoná-lo novamente. Ela sorriu e falou que veio apenas visitá-lo, mas em breve gostaria de vê-lo novamente. Rute para agradá-lo falou que no próximo final de semana poderiam ir a cidade de Bauru visitar a mãe dele. Como já eram oito horas e trinta minutos os quatro pegaram um ônibus e foram à rodoviária. As vinte e uma horas o marido de Rebeca apareceu, eles foram apresentados, como já estava tarde ela precisou ir embora. Joel chorou quando se despediu de sua mãe, ela sorriu e falou que gostaria de vê-lo sorrindo porque daqui a seis dias se veriam novamente.  
O menino falou a semana inteira que gostou de sua mãe e ficou feliz por ter três irmãos. Rute sorria amargurada, apenas desejava que o Joel fosse feliz e não iria impedir se ele quisesse morar junto com sua mãe. No sábado Rute e Joel foram a cidade de Bauru. Com o endereço acharam com facilidade a casa de Rebeca. Esta residência era pequena, tinha cinco cômodos e os móveis eram velhos. André, César e Verônica ficaram contentes quando conheceram o seu irmão mais velho e lhes deram vários presentes. Os quatro irmãos estavam brincando quando Rute os convidou para irem a sorveteria. No momento que passavam em frente a uma loja esta mulher comprou roupas novas para eles. Na sorveteria as crianças se divertiram bastante. À noite quando foram dormir Joel ficou chateado porque dormiu na cama do Felipe e o seu irmão foi dormir no sofá na sala. Apesar destes transtornos todos se divertiram naquele final de semana. No domingo às dezesseis horas Rute e Joel foram à rodoviária pegar o ônibus para retornarem a cidade Caloteira. Quando foram se despedir Rebeca, seus filhos e o Joel choraram. No dia seguinte Rute levantou-se cedo e foi trabalhar. Quando chegou do serviço na sua casa seu Simão falou que o Joel estava triste e não foi brincar com seus amigos. Preocupada ela o chamou a sala e perguntou:
- Eu e o seu avô o amamos bastante, por que você esta triste hoje?
- Estou com saudades da minha mãe e dos meus irmãos, respondeu Joel.
- Por acaso você gostaria de morar junto com a sua mãe e seus irmãos? Perguntou Rute novamente.
- Tia Rute a senhora gostaria que eu fosse morar em outra cidade, na casa da minha mãe? Perguntou Joel.
- Eu não sou sua mãe de sangue, mas a sou de coração. Para vê-lo feliz sofrerei bastante, mas se desejar o levarei a casa da Rebeca, respondeu Rute.
- Acho que nunca serei feliz se viver longe da senhora e do meu avô Simão, falou Joel.
Os dois se abraçaram, Rute falou:
- O seu encontro com a Rebeca foi surpresa e novidade na sua vida. Em breve se acostumará e saberá que eu, o seu avô Simão, a sua mãe, o seu padrasto e os seus irmãos amamos você Joel.
- Sou um garoto de sorte por ser amado por tantas pessoas, falou Joel.
- Você é um menino inteligente, apesar de ama-lo bastante às vezes contrario a sua vontade, pois quando digo sim ou não faço as coisas pensando no seu próprio bem, falou Rute.
- Sempre achei à senhora uma pessoa legal, falou Joel.
- A minha intenção é lhe dar uma boa educação para você saber distinguir as coisas certas das erradas, falou Rute.
Eles se desabraçaram, Joel sorrindo falou:
- A senhora sempre será uma pessoa especial na minha vida.
- Joel poder cuidar de você e vê-lo crescer me trouxe alegria e um novo motivo para viver, falou Rute.
- Daqui a duas semanas a minha mãe virá a cidade Caloteira nos visitar e trará os meus irmãos junto com ela, falou Joel.
- Este dia vai ser emocionante ainda mais que acontecerá o campeonato de natação, falou Rute.
- Eu vou treinar bastante, pois estou querendo ganhar uma medalha nesta competição, falou Joel.
- E com muita alegria eu, seu avô Simão, sua mãe e seus irmãos comemoraremos a sua vitória, falou Rute.
Passadas duas semanas no sábado quando as crianças se encontraram ficaram felizes. André, César e Verônica gostaram dos presentes que ganharam do Joel e de Rute. Eles brincaram o dia inteiro, Rute e Rebeca ficaram de longe vendo a alegria deles. No domingo cedo foram ao clube para verem o campeonato de natação. Todos estavam ansiosos e torciam pelo Joel quando foi participar da competição. O menino se esforçou bastante e venceu a prova. Os seus familiares felizes comemoraram esta vitória. No momento que Joel recebeu a medalha falou alto:
- Estou feliz por ter ganhado esta medalha, quero agradecer a minha mãe Rebeca por ter me colocado no mundo e a tia Rute por ter cuidado de mim desde que nasci.
Emocionadas as duas choraram e abraçam o menino. Feliz Rute enxugou suas lágrimas e falou:
- Agora nós vamos ao restaurante para comemorarmos a vitória do Joel na competição de natação.
Eles foram ao restaurante, pois tinham motivos para serem felizes.  

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