No final de julho estava fazendo
bastante frio, eu não gosto do inverno. No sábado à tarde enquanto lavava
roupas notei que a casa da minha vizinha Ângela estava movimentada. Então
lembrei-me que prima dela iria morar
durante alguns meses nesta residência. Parece que o pai desta moça faleceu,
como ela arrumou um emprego na cidade e ficaria
hospedada neste lugar.
No domingo as 10:00 horas chegou um
caminhão de mudança na casa da vizinha. Como sou uma mulher curiosa dirigi-me a
residência da Ângela, perguntei se poderia ajudá-las em alguma coisa. A minha
amiga apresentou-se a sua prima que chamava-se Marcela. Elas pediram para eu as
ajudasse a levar algumas coisas que estavam tirando do caminhão e colocar na sala.
Passados alguns minutos vi que junto com a prima da Ângela veio a irmã dela. Só
que esta mulher em vez de nos ajudar gritava e atrapalhava o nosso serviço. De
repente Marcela começava a chorar, falava que estava com sérios problemas, mas
tinha prometido ao seu finado pai que cuidaria de sua irmã excepcional. Ângela
a abraçou e falou que ajudaria a cuidar da Fabiana.
Durante a semana quando chegava à
minha casa do serviço ouvia gritos e discussões na casa da Ângela. Hoje voltei
a ir à aula do curso de alfabetização de adultos. A minha professora chamava-se
Sandra, nós duas somos amigas, enquanto conversávamos contei o que estava acontecendo na casa da
Ângela. A professora falou que o principal problema era que a Fabiana estava
sendo excluída da sociedade. No outro dia Eliane falou que para tentarmos
ajudar Fabiana a se entender com a sua família eu poderia convidá-la para vir
nas aulas do curso de alfabetização de adultos.
Durante o final de semana
conversei com Ângela e Marcela sobre o que elas achavam de Fabiana ir a escola
aprender a ler e escrever. As minhas amigas gostaram desta ideia desde que
Fabiana aceita-se o convite. Nós três conversamos com Fabiana, pedimos se ela
gostaria de ir à escola aprender e ler e escrever. Fabiana ficou animada com
esta novidade.
Na segunda-feira as 18:00 horas
Fabiana foi junto comigo na escola. Ela tinha 37 anos, além da sua deficiência
mental era uma pessoa nervosa, não gostava de tomar banho e pentear os cabelos.
A professora Sandra teve bastante
paciência com Fabiana. Enquanto estava
ensinando as letras do alfabeto, como escrever palavras lia pequenos
textos e poesias. Incentivava a autoestima de sua nova aluna e como ter um bom
relacionamento com as outras pessoas.
Vagarosamente foi mudando o
comportamento de Fabiana, ela começou a gostar de tomar banho, penteava os seus
cabelos, ajudava a fazer alguns serviços domésticos, tornou-se amiga de sua irmã
e prima. Mas o principal é que ela começou a ler e escrever.
No ultimo dia de aula fizemos uma
festa de despedida, pois na outra semana começaria as nossas férias de escola.
Fabiana usava um vestido com um par de sandálias nos seus pés, nas suas unhas
estava passado esmalte e nos seus cabelos tinha um penteado. Sorrindo a nossa
amiga dizia que sentiria saudades da gente e no próximo ano continuaria
estudando. Finalmente Fabiana foi incluída na sociedade, apesar dos seus
problemas excepcionais ela merece ser feliz nesta vida.
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