segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Minha Decisão

Quando eu tinha oito anos a minha família morava no sítio. Enquanto as outras crianças iam a escola aprender a ler e escrever eu pegava a enxada para ir à roça trabalhar.
Nos meus doze anos sofri bastante porque a minha mãe faleceu. Como eu era a filha mais velha ajudei o meu pai, cuidei dos meus cinco irmãos.
Com o passar dos anos os meus irmãos cresceram e casaram-se, o meu pai partiu deste mundo.
Agora que estou com 45 anos continuo solteira, moro na cidade Cristal Dourado, trabalho como empregada domestica. Graças ao Mova: Movimento de Alfabetização de Adultos estou aprendendo a ler e escrever.
Há alguns dias mostrei para a minha patroa o meu nome que consegui escrever. Enquanto limpava a sala ouvi uma amiga da filha do meu patrão chamando-me de burra porque sou analfabeta. Apesar da humilhação, engoli o meu sofrimento e fiquei quieta.
Ontem ouvi no rádio que aconteceu um acidente de automóvel com aquela menina que me humilhou. Ela estava em estado grave, pediram doadores de sangue com urgência.
As pessoas conversam sobre o bem, mal, amor, ódio, mas dificilmente falam do perdão.
Como eu e aquela garota temos o mesmo tipo sanguíneo dirigi-me ao hospital e doei sangue.
Naquele momento me senti a mulher mais feliz deste mundo porque através de uma boa ação ajudei a salvar uma vida humana. 


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