quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Capitulo 1 - Solidão e Tristeza na Vida de Rute


 Naquela sexta-feira à noite Rute chegou triste na sua casa porque neste dia fez aniversário e no seu serviço ninguém lhe deu os parabéns. Desanimada sentou-se no sofá, não dava para acreditar que estava fazendo 35 anos em 1992. Então lembrou-se que o dia mais feliz de sua vida foi quando fez 28 anos. Pois o Mateus seu ex-noivo lhe pediu em namoro e deu de presente uma linda gargantilha. Ela começou a chorar, por cinco anos namorou este homem, fizeram planos que se casariam e teriam filhos. Com raiva enxugou suas lágrimas, pois quando fez 33 anos passou este dia no hospital fazendo companhia a sua mãe que estava internada no hospital. Uma semana depois essa mulher faleceu, Rute sofreu bastante por causa do falecimento de sua mãe. Mateus estava do seu lado para consolá-la. Passados trinta e cinco dias esse homem falou pelo telefone que precisavam ter uma conversa muito séria. Ela tomou um banho, se arrumou e ficou esperando pelo Mateus, no horário combinado quando ele apertou a companhia feliz abriu a porta e falou:
- Mateus estou sentindo saudades de você.
Ela o abraçou e beijou, achou estranho porque ele ficou parado e não a beijou, ao se afastar dele Mateus falou:
- Vai ser difícil, mas precisamos ter uma conversa muito séria.
Rute o chamou para entrar na sala, quando fechou a porta notou que o seu noivo estava nervoso e falou:
- Meu amor será que eu fiz alguma coisa que o deixou magoado?
- Rute acalme-se, por favor, estou precisando lhe contar que há dez meses conheci Valquíria, uma mulher maravilhosa, falou o Mateus.
Rute desesperada perguntou:
- Mateus você me traiu com esta mulher?
- Tentei me afastar dela, mas a atração física foi mais forte do que a minha vontade, respondeu o Mateus.
Ela começou a chorar e falou:
- Durante esse tempo que ficamos juntos fiz de tudo para lhe agradar e você ainda teve a coragem de vir até a minha casa falando que me traiu com outra mulher.
- No principio fiquei confuso, mas agora percebi que estamos tendo dificuldades no nosso relacionamento, falou Mateus.
- Por acaso você esta querendo terminar o noivado comigo? Perguntou Rute.
- Já faz nove meses que estou me encontrando com a Valquíria, ontem ela me contou que esta grávida, respondeu Mateus.
Nervosa Rute deu um tapa no rosto dele e gritou:
- Vá embora da minha casa, volte para os braços daquela mulher.
- Como Valquíria esta esperando um filho meu vou me casar com ela. Rute quanto vai custar a sua parte daquela casa que estamos construindo juntos? Perguntou Mateus.
Entre lágrimas Rute pegou as chaves daquela casa, as jogou nos pés do Mateus e gritou:
- Mateus saia da minha casa e vá para o inferno.
O cara pegou as chaves daquela residência e foi embora. Rute desesperada parecia que ia morrer, magoada percebeu que no meio do sofrimento continuaria vivendo. Na outra semana Mateus devolveu o dinheiro que Rute havia gasto para ajudá-lo a construir aquela casa. Sua irmã Amanda e o marido dela a aconselharam comprar outra residência com aquele dinheiro porque pagava aluguel. Junto com o casal foram à imobiliária e com o financiamento comprou a casa que estava morando. Ela sorriu porque fazia dois anos que tinha acabado tudo isso, talvez nunca seria feliz se tivesse se casado com o Mateus.
Então o telefone tocou, Rute o atendeu, era Helena uma amiga que trabalhava junto com ela na fábrica convidou-a para ir à sua casa. Como estava sozinha aceitou o convite, falou que dentro de uma hora estaria na residência dela. Rute tomou banho, vestiu roupas limpas e foi ao ponto de ônibus. No horário combinado chegou à casa da Helena, achou estranho porque já eram vinte horas da noite e as luzes estavam apagadas. Ela apertou a campainha, sua amiga abriu a porta, depois de tê-la cumprimentado a convidou para entrar. Quando entrou na sala acenderam a luz e várias pessoas cantaram Parabéns a você. Rute ficou emocionada com aquela festa surpresa, estavam lá sua irmã Amanda, seu cunhado Anderson, seus sobrinhos Gerson e Fabiano, a dona Francisca e vários amigos do serviço. Rindo agora compreendeu porque ninguém havia dado os parabéns neste dia. Enquanto todos os convidados lhes deram os parabéns, agora teve certeza que este foi o dia mais feliz de sua vida.
Depois que ela cortou o bolo de aniversário foi conversar com alguns amigos e falou:
- Dona Francisca meus parabéns, todos comentam que a Associação de Bairros da Vila Dedo Duro é um sucesso, pois ajuda muitas pessoas.
- Eu e meus amigos que trabalhamos nesta associação como voluntários apenas usamos a nossa solidariedade para tornar este mundo um lugar mais decente, falou dona Francisca.
- O que essa Associação de Bairros da Vila Dedo Duro faz para ajudar as pessoas? Perguntou Clara.
- Na Vila Dedo Duro, Jardim Cruzeiro do Oeste e Vila Mercúrio, temos vários problemas sociais, vários habitantes desses lugares se reuniram e juntos tentamos amenizá-los, respondeu dona Francisca.
- O que a senhora e os seus amigos procuram fazer para tentarem resolver esses problemas sociais? Perguntou novamente Clara.
- Arrecadamos alimentos para ajudar os mais necessitados, damos cursos de pintura, tricô, crochê e reforço escola para crianças e adolescentes que tem dificuldades na escola, respondeu dona Francisca.
- O maior sucesso da Associação de Bairros da Vila Dedo Duro é a horta, pois ajuda crianças e adolescentes de rua e os mandam para a escola, falou Rute.
- Rute você também participa desta Associação de Bairros? Perguntou Amanda.
- Não, um senhor que trabalha na fabrica sempre comenta que esta Associação ajuda bastante os habitantes que residem no Jardim Mercúrio, respondeu Rute.
- Eu estou convidando a todos para conhecerem a Associação de Bairros da Vila Dedo Duro, falou dona Francisca.
- Quem deve resolver os problemas sociais são os políticos, falou Clara.
Todos riram e continuaram se divertindo na festa. Os dias foram passando, na quarta-feira a noite enquanto estava assistindo televisão Rute percebeu que deveria dar um novo sentido a sua vida, pois já estava cansada de ter a solidão como única companheira. Ela trocou de roupa, resolveu conhecer a Associação de Bairros da Vila Dedo Duro na cidade Caloteira. Às vinte horas e trinta minutos chegou neste local. A Associação funcionava em um sobrado branco, este estabelecimento foi reformado, várias pessoas frequentavam este local. Sorrindo perguntou para uma moça onde estava a dona Francisca, essa mulher a levou até a sala onde trabalhava a coordenadora deste projeto. Quando viu dona Francisca falou sorrindo:
- Boa noite dona Francisca, vim até aqui para conhecer a Associação de Bairros da Vila Dedo Duro.
- Boa noite Rute, é com o maior prazer que recebemos todos os visitantes que desejam conhecer o nosso trabalho, falou dona Francisca.
Dona Francisca a levou para conhecer as salas onde os voluntários davam aulas de pintura, tricô, crochê e reforço escolar que funcionavam a esta hora da noite. Aquela senhora falou que durante o dia outras pessoas davam cursos e cuidavam da horta. As duas voltaram para a sala que trabalhava dona Francisca, esta falou:
- Depois que me aposentei vários acontecimentos mudaram a minha vida, o meu marido faleceu e os meus filhos se mudaram para outras cidades.
- Eu compreendo o que a senhora esta falando dona Francisca, depois que a minha mãe faleceu e o meu ex-noivo terminou o nosso noivado a minha vida esta vazia, falou Rute.
- Pois eu vivia triste e desanimada, então o senhor João me convidou para trabalhar como voluntária aqui na Associação de Bairros da Vila Dedo Duro. Esse trabalho deu um novo sentido para a minha vida, agora me sinto útil podendo ajudar as pessoas, falou dona Francisca.
- Desde o dia do meu aniversário percebi que a senhora esta feliz, falou Rute.
- Rute a minha felicidade é poder ver o sorriso de um menino trabalhando na horta, a alegria de uma mulher que aprendeu a fazer tricô e saber que graças ao reforço escolar oferecido as crianças e adolescentes os ajudamos a serem aprovados nas escolas, falou dona Francisca.
- Desculpe-me dona Francisca, mas estou com inveja da senhora por se sentir tão útil para as pessoas, falou Rute.
- Querida venha trabalhar como voluntária na Associação durante o seu tempo livre, falou dona Francisca.
Ela ficou emocionada com este convite e falou:
- Infelizmente eu não sei bordar, fazer tricô e crochê, talvez poderei ajudar a fazer limpeza daqui.
- Mas você fez o magistério quando estudou no ensino médio, falou dona Francisca.
- O meu sonho de criança era ser professora quando crescesse, só que nunca consegui realizá-lo. Já faz doze anos que trabalho naquela fabrica e não tenho nenhuma vontade de sair daquele emprego, falou Rute.
- Estamos precisando de voluntários para ajudar os adolescentes no reforço escolar durante a noite, falou dona Francisca.
Rute pensou um pouco e falou:
- Dona Francisca a senhora é maravilhosa, graças ao seu convite talvez eu consiga realizar o meu sonho de infância.
As duas se abraçaram, dona Francisca falou:
- Há muitas mães que trabalham durante o dia e vem durante a noite para fazer um dos nossos cursos e trazem os seus filhos para o esforço escolar.
- A Associação de Bairros da Vila Dedo Duro era útil para a família inteira, falou Rute.
Elas conversaram bastante, Rute falou que poderia vir ajudar no reforço escolar as terças e sextas-feiras das 19:00 até as 21:00 horas. Dona Francisca sorriu e disse que iria gostar de poder ajudar as pessoas e fazer novas amizades. Elas se despediram, na próxima semana Rute começaria a trabalhar como voluntária na associação de bairros. No outro dia ela trabalhou sorrindo na fabrica, parece que a sua vida ganhou um novo sentido. Durante o seu tempo livre leu alguns livros para poder ajudar as crianças e adolescentes no reforço escolar. Na terça-feira a noite contente se encontrou com a dona Francisca que a levou até uma sala pequena e apresentou os nove alunos que ajudaria no reforço escolar. Artur tinha doze anos, estudava na quinta série, Bianca tinha doze anos, estudava na sexta série, Fábio tinha treze anos, estudava na sétima série, Carla tinha catorze anos, estudava na sétima série, Lúcia tinha quinze anos, estudava na oitava série, Marcos tinha treze anos, estudava na quinta série, Mariana tinha treze anos, estudava na sexta série, Paulo tinha quinze anos, estudava na sexta série, Joel tinha dezessete anos, estudava na sétima série. Depois que foram apresentados Rute simpatizou com eles, os ajudou no que foi  necessário. Passadas duas horas seus alunos voltaram para suas casas. Toda contente foi conversar com a dona Francisca e lhe falou:
- Obrigado por ter me convidado para trabalhar como voluntária e poder ajudar as crianças e adolescentes no reforço escolar.
- Eu tinha certeza que você ficaria feliz trabalhando como voluntária aqui na Associação de Bairros da Vila Dedo Duro, falou dona Francisca.
- Agora que me lembrei dona Francisca vou lhe dar uma fotografia que tiramos juntas na minha festa de aniversário, falou Rute.
Ela abriu sua bolsa para pegar a fotografia, então ficou desesperada ao ver que sua carteira com documentos e dinheiro havia desaparecido. Nervosa falou:
- A minha carteira que guardava os meus documentos sumiu.

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