Este artigo pesquisou o espaço de
enunciação da língua nacional e da língua materna. No gerativismo a língua
materna se opõe à língua estrangeira. O falante independente de classe social
tem acesso em ordem cronológica à língua materna. A semântica de enunciação não
conceitua a língua, tratando-a como elemento externo ao mundo que organiza, mas
é por meio dela que o falante tem acesso a língua.
1. Língua Nacional e Espaço
De Enunciação
A língua determina a formação do Estado/Nação
e do pertencimento do povo a sua nação. É na língua nacional que a identidade
do sujeito se constitui, pois é nessa organização política que esta inserido.
As duas principais características de um país são sua língua e seu território.
O espaço de enunciação constitui-se
pela relação entre línguas e falantes. Na relação um povo/uma língua, povo
significa o todo que compõe um Estado. O povo esta dividido em classes sociais,
mas segundo a democracia todos são iguais. Pois foi a classe dominante que
firmou a língua nacional, a língua falada e escrita, a língua da produção de
conhecimento. O espaço de enunciação brasileiro é regulado pela língua nacional
– português padrão – porque organiza a distribuição que define este espaço. Os
falantes da língua portuguesa brasileira (pessoas nascidas no Brasil ou imigrantes)
são determinadas pelas línguas que falam. Eles são sujeitos da língua, como
sujeito pertencente ao Estado brasileiro cria, assim, a identidade que o
define.
2. Espaço de Enunciação E
Línguas Nacionais
A língua nacional organiza a
formação do Estado e da identidade nacional, mas compromete identidade nacional
nas situações de multilinguismo, onde mais de uma língua nacional convive em um
mesmo espaço. No Brasil este problema surgiu no Estado Novo, durante a década
de 1930. O governo obrigou os imigrantes a falarem o português e silenciar a
sua língua.
A língua nacional representa o país
para qual o imigrante se destinou, ele participa de uma nova sociedade
nacional, diferente dos nativos do país, usuários da língua nacional como
língua materna. O imigrante e seus descendentes formam uma nova sociedade de
forma especifica. No processo simbólico-discursivo, o silenciamento das línguas
acontece porque uma língua é silenciada pela enunciação de outra língua. Perdeu-se
a legitimidade do multilinguismo em espaços nacionais, pois afeta o ideal de
unidade que sustenta a nacionalidade e fidelidade do povo e sua pátria.
Atualmente a geografia mundial esta
estabilizada, porque a política lingüística não representa a constituição de
uma identidade nacional para representar um país como Estado. Com a
globalização da economia mundial estabeleceu um corte da unidade língua e
Estado. Devido à desconstrução da unidade língua/estado tornou-se possível a
convivência de mais de uma língua nacional no mesmo espaço, sem prejudicar a
identidade e unidade de um país.
No espaço de enunciação
latino-americana usuárias das línguas portuguesa e espanhola estão substituindo
a língua do outro e incluindo o inglês como língua - franca. No Brasil, assim
como em outros países, o espaço de enunciação do português é dividido pela
língua inglesa. O falante habitante este espaço utiliza essas duas línguas, de
acordo com seus conhecimentos, e as variantes de cada uma delas.
3. Língua Materna/Língua
Nacional E Espaço De Enunciação
Dentro da configuração política na
qual analisamos a língua e na conjuntura atual do mundo pesquisamos como a
língua é elemento constitutivo do Estado e de identidade nacional. O político
como afirma Guimarães (2000) esta distribuído desigualmente produzindo uma historicidade
especifica que determina o modo como o sujeito se inscreve na linguagem.
Em alguns estudos a língua materna e
língua nacional são tratadas uma como a outra. No Brasil a língua oficial é
língua portuguesa que é utilizada de forma culta na escrita, nas publicações de
livros, através de operações sócio-culturais, políticas e religiosas, mas varia
na linguagem falada, pois determinadas regiões do nosso país possui os seus
dialetos.
Em contextos de bilinguismo o
funcionamento da língua materna num espaço de enunciação que já tem uma língua
nacional regulando este espaço. A outra língua compete com o português. Nesta
pesquisa foram analisadas a identidade alemã nas cidades Entre Rios e Witmarsum
localizadas no Paraná. Nesses locais acontece o entrecruzamento das línguas
alemã e portuguesa, neste espaço o falante é bilíngue.
A relação entre as línguas no espaço
de enunciação não se dá numa disputa de línguas nacionais, mas num litígio de
línguas que se refazem e convivem enquanto determinantes de identidade destes
descendentes de alemães. O espaço de enunciação são espaços de funcionamento da
língua, habitados por falantes. Estes são espaços de litígio, de disputa das
línguas pelas línguas. Neste sentido os espaços de enunciação são espaços
políticos. Somente pensando a língua como relação com outras línguas, é
possível entender a língua materna como constituída pela materialidade de duas
línguas.
No espaço de convivência de mais de
uma língua, os falantes distribuem as línguas neste espaço, dividindo-os e os
refazendo-os o tempo todo, pois cada uma das línguas opera uma função social de
qual o sujeito faz uso. É a língua que constitui o sujeito e constitui sua
relação com a sociedade.
A identidade de determinação esta
determinada pela relação com o Estado do mesmo modo que há a dominação da
língua nacional frente às outras. A língua nacional é a língua que determina o
sujeito como pertencente a uma comunidade.
O sujeito se determina pela língua nacional, pois é ela que regula as
relações com as outras línguas que dividem o espaço de enunciação e determinam
as identidades sociais que os constituem.
Bibliografia
Schumm,
C. S. G. Um Estudo Enunciativo De Uma Política De Línguas: Uma Identidade Misturada.
Campinas: PG-IEL/Unicamp.
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