- Você não esqueceu a carteira na sua
casa? Perguntou dona Francisca.
- Dona Francisca toda vez que saio de
casa sempre levo a carteira na minha bolsa, falou Rute.
- Vamos procurar a sua carteira, talvez
sem querer esqueceu no banheiro, falou dona Francisca.
- Desculpe-me dona Francisca, mas nunca
costumo esquecer as minhas coisas no banheiro, falou Rute.
- Por favor, vamos procurar a sua
carteira, você olha no banheiro das mulheres que eu vou no olhar no dos homens,
falou dona Francisca.
Rute entrou no banheiro das mulheres,
procurou sua carteira em todos os lugares e não a encontrou. Quando saiu viu
que a dona Francisca também estava saindo do banheiro dos homens e estava
segurando sua carteira. Ela se aproximou daquela mulher, pegou a carteira, viu que
os seus documentos estavam nela, mas o dinheiro havia desaparecido. Nervosa
falou:
- Alguém me assaltou, pois levaram embora
todo o dinheiro que estava na minha carteira.
- Acalme-se Rute, vamos até a minha sala
para conversarmos.
As duas entraram na sala da dona
Francisca, então ela perguntou:
- O que você achou dos nove alunos que
estavam na aula de reforço escolar?
- Eles são legais, apenas achei que o
Paulo e Joel pela idade deles estão atrasados na escola, respondeu Rute.
- Infelizmente foi o Joel que roubou o
dinheiro da sua carteira, falou dona Francisca.
- Então devemos chamar a policia, pois
estou trabalhando como voluntária e fui assaltada por um dos meus alunos, falou
Rute.
- Joel tem vários problemas pessoais, eu
prometi ao avô dele que tentaria ajudá-lo, falou dona Francisca.
- Por favor, então me fale quais são os
problemas pessoais do Joel, assim também tentarei ajudá-lo, falou Rute.
- Quando Joel tinha dois anos a mãe dele
fugiu com outro homem, o pai dele ficou desesperado e com dificuldade o
sustentava. Passados sete anos ele ficou desempregado e acabou sendo preso
porque participou de um assalto onde uma pessoa foi morta e duas ficaram
feridas. O avô do Joel, o senhor Antônio um homem velho e aposentado ficou
tomando conta do menino, falou dona Francisca.
- Esse rapaz sofreu bastante nesta vida,
falou Rute.
- Já faz três anos que o Joel se tornou
viciado em drogas, ele repetiu todos esses anos na sétima série, vendeu objetos
da casa do seu avô e ainda rouba dinheiro para comprar drogas, falou dona
Francisca.
-
Precisamos ajudar esse rapaz, como qualquer ser humano ele merece ter uma vida
decente, falou Rute.
- Eu prometi ao senhor Antônio que
tentaria ajudar o neto dele, este pobre homem tem medo que ele acabe sendo
preso como o seu próprio filho, falou dona Francisca.
- Como sou uma pessoa solidária também
tentarei ajudar Joel, falou Rute.
- Rute se você deseja ajudar o Joel
primeiro deve tentar ficar amiga dele e lhe mostrar que vale a pena confiar em
você. A sua missão mais difícil será mostrar que as drogas que ele consome
prejudicam a vida dele porque esta roubando dinheiro das outras pessoas para
comprar essa substância, falou dona Francisca.
- Explicarei para o Joel que daqui a
alguns meses será maior de idade e poderá ir para a prisão se continuar
roubando os outros ou ainda poderá morrer de overdose, falou Rute.
- Tentar ajudar o Joel é uma missão
difícil. Você esta com vontade de enfrentar este desafio? Perguntou dona
Francisca.
- A minha vida é monótona, talvez estou
precisando ter um novo objetivo cercado de novas emoções, respondeu Rute
sorrindo.
- Você tem certeza que não se arrependerá
por tentar ajudar Joel e se envolver com os problemas da vida dele? Perguntou
novamente dona Francisca.
- Dona Francisca eu aceito esse desafio e
tenho certeza que não me arrependerei de tentar ser uma pessoa solidária,
respondeu Rute.
Elas conversaram por mais alguns minutos,
a dona Francisca falou que seria interessante ela ir até a casa do Joel visitá-lo.
Para disfarçar avisaria o senhor Antônio que no próximo dia às vinte horas iria
até a casa dele visitá-lo e levaria uma amiga. No outro dia Rute pensava direto
neste rapaz, quando chegou do serviço fez um bolo de chocolate. No horário
combinado foi a casa da dona Francisca e levou o bolo. As duas foram a casa do
senhor Antônio. Este homem ficou contente quando as viu e gostou de ter ganhado
o bolo de Rute. Essa moça ficou impressionada com esse homem, ele morava em uma
casa de três cômodos. Os móveis eram velhos, apesar de morarem dois homens
nesta residência o local estava limpo. Quando fazia uns quinze minutos que os
três estavam conversando então o senhor Antônio falou:
- Eu já sofri bastante nesta vida, mas o
pior dia foi quando nasceu meu filho Simão e a minha esposa Maria faleceu no
parto.
- Depois que o senhor ficou viúvo nunca
mais quis se casar com outra mulher? Perguntou Rute.
- Maria foi à única mulher que conquistou
o meu coração, a minha maior alegria foi poder ver o meu filho crescer e
brincar, falou seu Antônio.
Neste momento por lembrar-se do filho
algumas lágrimas saíram dos olhos dele.
- Seu Antônio, o senhor não é culpado
porque o Simão participou daquele assalto. Parece que ele salvou a vida de um
dos reféns e falou para os policiais onde estava escondido o chefe daquela
quadrilha, falou dona Francisca.
- Sinto saudades do Simão, apesar do meu
filho estar preso ele é uma boa pessoa, falou o senhor Antônio.
- O filho do senhor esta pagando pelos
erros que cometeu, mas pelo menos esta vivo. Eu sinto saudades da minha mãe,
infelizmente nunca mais poderei vê-la porque faz dois anos que ela faleceu,
falou Rute quase chorando.
- A dona Catarina estava muito doente ao
menos agora esta descansando em paz, falou dona Francisca.
Sorrindo Rute começou a falar sobre o seu
emprego na fabrica, os três conversaram sobre diversos assuntos. Seu Antônio
falou que ganhava pouco dinheiro de aposentadoria, por causa da doença
precisava comprar remédios caros, o seu neto Joel estava revoltado e não
ajudava a fazer os serviços de casa. Dona Francisca falou que tentaria ajudá-lo
no que fosse possível. Esse homem falou que seu único problema era que a mulher
que lavava suas roupas sujas havia mudado para outro bairro. Rute sorrindo
disse que de agora em diante lavaria as roupas sujas deles, pois gostava de
ajudar as pessoas. Ele agradeceu bastante e foi pegar as roupas sujas. Ela
falou que no próximo sábado a tarde as traria de volta limpas e passadas.
Na sexta-feira à noite quando Rute foi
dar o esforço escolar Joel a agradeceu por ter ido visitar o seu avô Antônio e
por lavar as roupas sujas deles. No sábado à tarde no momento que entregou as
roupas limpas e passadas ao seu Antônio e Joel agradeceram e falaram que
estavam precisando delas. Sorrindo Rute falou que para ficar mais fácil na
próxima sexta-feira depois que saísse do reforço escolar viria buscar as roupas
sujas e as traria no domingo. Os dias foram passando, Joel começou a ficar
amigo da Rute e tentava tirar proveito das aulas do reforço escolar.
Quatro semanas se passaram, num sábado à
tarde enquanto lavava as roupas do senhor Antônio e do Joel achou um cigarro de
maconha no bolso de uma bermuda do rapaz. Agora teria um pretexto para ter uma
conversa com ele. No domingo quando foi levar as roupas encontrou Joel no
portão da casa dele, ao vê-lo falou:
- Ontem achei num livro aquele exercício
de matemática que não conseguimos fazer na sexta-feira e consegui fazê-lo.
- Na próxima terça-feira a senhora me
explica como conseguiu resolve-lo, falou Joel.
- Por acaso você tem algum compromisso
hoje à noite? Perguntou Rute.
- Não vou ficar em casa assistindo
televisão junto com o meu avô, respondeu Joel.
- Por favor, venha até a minha casa hoje à
noite assim lhe explicarei como fazer aquele exercício, falou Rute.
- Se der certo estarei na sua casa às
vinte horas e trinta minutos, falou Joel.
No horário combinado o rapaz apertou a
campainha da casa da Rute. Com alegria o convidou para entrar na sala e lhe
explicou como fazer o exercício. Depois colocou na mesa uma garrafa de
refrigerante, um prato com alguns pedaços de bolo, um pacote de biscoitos e o
convidou para acompanhá-la neste lanhe. Enquanto Joel comia um pedaço de bolo
ela foi ao quarto pegou o cigarro de maconha, quando voltou para a sala
falou:
- Ontem na hora que estava lavando as roupas
sujas encontrei isso no do bolso de sua bermuda.
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