Pedro, Catarina, Miguel, Ivone e Janete sorrindo se abraçaram e
conversaram por mais duas horas em como pretendiam ajudar os moradores do
Jardim dos Girassóis. No outro dia Janete conversou com o padre José e ele
permitiu que ela desse a aula de pintura e crochê no salão da igreja no sábado
das catorze às dezesseis horas. Para Catarina dar suas aulas ela precisava
providenciar carteiras, o quadro negro, além de providenciar cadernos, lápis,
canetas e borrachas, pois os seus alunos eram pessoas pobres. Pedro se
encontrou com o seu amigo Marcos que era um pedreiro aposentado e combinaram
que juntos ajudariam a melhorar as casas simples dos moradores daquele bairro.
Miguel e Ivone foram à chácara, analisaram o terreno, quando conversaram com o
funcionário Walter este lhes indicou o lugar desta propriedade onde fariam a
horta comunitária.
Ivone pesquisou e conversou com Miguel, decidiram que jovens de 16 a 18 anos
trabalhariam na horta comunitária sob orientação do Walter. Para manter este
local animado levariam as crianças de 10 a 16 anos para ajudar as outras
pessoas. Os jovens que iriam neste lugar deveriam estar estudando na escola e
deveriam estar animados em ajudar os companheiros a plantarem e cuidarem das
verduras e legumes. Eles trabalhariam três horas por dia, em troca do serviço
poderiam levar esses alimentos as suas casas. Este pessoal seria dividido em
duas turmas, a primeira seria levada a horta comunitária às oito horas e às
onze horas seriam trazidos de volta ao bairro. A segunda seria levada às
catorze horas e trazida de volta às dezessete horas. Assim que essas pessoas
chegassem na chácara elas tomariam café, leite, pão com margarina e bolachas.
Depois desta refeição iriam à horta e fariam os serviços que precisavam ser
feitos.
Passaram-se dez dias, Catarina pesquisou e acabou ganhando trinta e
cinco carteiras. Esta mulher aproveitou e pediu para as pessoas doarem livros
usados para montar uma pequena biblioteca. Com a ajuda de parentes e amigos
conseguiu arrecadar 859 livros, entre os quais tinham romances, infantil,
juvenil, policiais, de português, matemática, história, geografia, química,
física, biologia. Por sorte uma prima e outra amiga doaram duas coleções de
enciclopédia.
O
agrônomo Miguel trabalhava em uma cooperativa, este homem bondoso pediu ao seu chefe para esta instituição ajudar
a manter a horta comunitária. A
cooperativa concordou e disse que doariam sementes, enxadas, regadores, para eles fazerem plantio e cultivo das
verduras e legumes. Ivone pediu ajuda a algumas empresas para os ajudarem a
comprar os alimentos que dariam no café para quem viesse trabalhar na horta.
Uma fabrica de porte médio e um supermercado se comprometeram em ajudar o casal
a manterem diariamente esta refeição. E disseram que quando esses jovens
completassem 18 anos os encaminhariam para arrumar o primeiro emprego.
Depois que tudo já estava preparado Pedro, Catarina, Miguel, Ivone e
Janete marcaram uma reunião com o padre José e a dona Aparecida. Detalhadamente
explicaram tudo sobre o que queria fazer para ajudar os moradores do Jardim os
Girassóis. O padre ficou contente e disse que avisaria ainda neste dia todos os
moradores daquele bairro. Este homem disse que todas essas pessoas precisavam
se cadastrar para ajudarem os mais carentes. Todas aquelas pessoas ficaram
contentes porque seriam ajudadas com este projeto.
Passaram-se duas semanas, na aula de alfabetização que Catarina daria de
segunda-feira a sexta-feira das 19:00 horas a 22:00 horas se matricularam 32
pessoas. Na primeira aula ela viu que na sua classe tinha alunos de todas as
idades, desde um rapaz solteiro com 19 anos até uma senhora de 64 anos que já
era avó. Apesar das dificuldades que teriam essas pessoas queriam aprender a
ler e escrever.
No sábado quando a Janete foi dar a sua primeira aula de pintura e
crochê viu que tinha 25 mulheres querendo aprender a fazer pinturas em
guardanapos, toalhas e tapetes e os enfeitarem com bicos feito de crochê. Entre
as suas alunas tinha uma moça com 14 anos e uma senhora com 57 anos. Todas
ficaram entusiasmadas vendo como as peças feitas pela Janete ficaram bonitas e
também queriam aprender a fazerem outras iguais.
Com a pesquisa feita pelo padre José e por dona Aparecida o Pedro e seu amigo Marcos ficaram
sabendo que tinha sete barracos cobertos com lona, nove casas onde moravam
várias pessoas e tinha um só cômodo e vinte e três sem banheiros. Com urgência
estas residências precisavam ser reformadas. A primeira que seria trabalhada
estava coberta com lona, nela moravam um casal com duas crianças, um bebê de
três meses e um senhor com 72 anos.
Foram convidados para conhecer a horta comunitária três rapazes de 16
anos, dois de 17 anos, quatro moças de 16 anos e uma de 17 anos. De 10 anos a
16 anos foram convidados 19 adolescentes, onze meninos e oito meninas. Esses
adolescentes estudavam na escola, todos eles falaram que no outro dia voltariam
a horta comunitária. Na parte da manhã iria à primeira turma quatro moças, dois
rapazes e nove adolescentes. Na segunda turma iria uma moça, três rapazes e dez
adolescentes.
Passou-se vinte e seis dias, apesar de alguns problemas este projeto
estava dando certo. Num domingo às nove horas Jeferson telefonou para a casa de
seus pais e falou que o primo Gustavo Henrique estava apavorado porque durante
a madrugada desta noite ele e a sua noiva foram assaltados por bandidos.
Felizmente nada fizeram a esse casal, apenas roubaram dinheiro, relógios, jóias
e o automóvel. Apenas o rapaz reclamava que ele e a noiva levaram um grande
susto e tiveram prejuízo porque roubaram o carro e os abjetos de valor.
Catarina rezou a Deus uma oração e depois toda inspirada escreveu no seu
caderno esta mensagem: “Deus nos ama tanto que lançou uma rede para pescar todos os seres
humanos e os conduzir ao céu.
Se Deus nos ama tanto por que neste mundo existe tanto sofrimento e
violência? A única resposta para esta pergunta é que foram os homens que se
afastaram de Deus. Porque Jesus Cristo nos ensinou que Deus ama todos os homens
sem nenhuma distinção, pois para Ele somos todos iguais e a natureza nos
oferece condições para sobrevivermos neste mundo. Mas somos egoístas, pois
queremos ser superiores as outras pessoas e achamos que seremos felizes
vestindo roupas caras e tendo automóveis novos. Então por que vivemos trancados
dentro de nossas casas morrendo de medo dos ladrões?
Neste mundo alguns tem muita riqueza enquanto milhares morrem de fome. O
desespero não nos ajudará em nada, no meio desta aflição devemos nos lembrar do
amor de Deus. Precisamos ter fé na Santíssima Trindade e rezarmos para que o Espírito
Santo nos ilumine, assim procuraremos seguir os seus ensinamentos para sermos
conduzidos rumo ao céu.”
Quando Catarina acabou de escrever este texto o seu marido Pedro pediu
para o ler. Ele ficou emocionado e disse que aquelas palavras sabias que ela
colocou nesta mensagem ajudaria a confortar as pessoas no meio do desespero.
Sorrindo esse homem falou que tiraria um xerox
deste texto e o entregaria ao seu sobrinho Gustavo Henrique.
Na sexta-feira as vinte e duas horas o oito minutos quando Catarina já
havia terminado de dar aula enquanto caminhava rumo ao ponto de ônibus do outro
lado da rua viu algumas pessoas seguindo uma mulher. Uma senhora de uns
quarenta anos falou:
-
Sua vagabunda é gostoso transar com homens casados.
-
Mulher falsa e sem vergonha se eu descobrir que você saiu junto com o meu
marido quebrarei todos os ossos do seu corpo, falou uma moça que tinha uns
vinte e dois anos.
-
Oh Gostosa! Se você não tiver clientes nesta noite eu transo com você e pago
R$1,99, falou um homem rindo.
Desesperada esta mulher parou, virou para trás e falou:
-
Por favor, me deixe em paz!
-
Nós lhe deixaremos em paz quando você se mudar deste bairro e se afastar de
nossos maridos e filhos, falou outra mulher que deveria ter uns 35 anos.
Catarina viu a agonia daquela mulher que estava sendo insultada e
humilhada, então percebeu que ela era uma prostituta. Neste momento se lembrou
de um trecho da bíblia, se aproximou daquelas pessoas e disse as palavras que
estavam escritas no evangelho escrito por Mateus no capítulo 18 e nos
versículos de 12 a 20: “O que vocês acham? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde,
será que ele não vai deixar as noventa e nove nas montanhas, para procurar
aquela que se perdeu? Eu garanto a vocês: quando ele a encontra, fica muito
mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. Do mesmo
modo, o Pai que está no céu não quer que nenhum desses pequeninos se perca. Se o seu irmão pecar, vá
e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der
ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se ele não lhe ouvidos, toma com você
mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra
da duas ou três testemunhas. Caso ele não dê ouvido, comunique a Igreja. Se nem
mesmo à Igreja ele der ouvido, seja tratado como se fosse um pagão ou um
coletor de impostos. Eu lhes garanto: tudo o que vocês ligarem na terra, será
ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado do céu.
Eu lhes digo ainda mais: se dois de vocês na terra estiverem de acordo sob
qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que esta
no céu. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ai no
meio deles.”
Assim que Catarina terminou de falar essas palavras estas pessoas
ficaram chateadas, em silêncio voltaram para as suas casas. Comovida aquela
mulher falou a Catarina:
-
Obrigado minha senhora por ter me ajudado, aquelas pessoas estavam me
humilhando.
- O Nosso Senhor Jesus Cristo não aprova a
prostituição, mas deseja lhe dar uma segunda chance para que você abandone esta
profissão e siga os seus ensinamentos, falou Catarina.
Algumas lágrimas saíram dos olhos daquela mulher enquanto falava:
- Eu sou uma pessoa analfabeta, tenho dois
filhos para criar e ninguém dará um emprego para uma prostituta.
-
Pois eu lhe garanto que a Santíssima Trindade ouviu as suas orações, falou
Catarina.
Sem saber o que responder esta mulher ficou sem graça e saiu correndo
dali. Então Catarina teve certeza de que precisava ajudar esta pobre mulher.
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