Capitulo 5 - Agonia e Sofrimento de Micheli

Agoniada a moça falou:

- Doutor o senhor esta brincando? O que dirá o meu filho quando descobrir que ajudei a assassinar os meus próprios pais.

- Acalme-se Micheli, esta criança que esta no seu útero não tem nada a ver com os erros que você cometeu, falou o doutor.

Chorando Micheli falou:

- A minha vida se transformou em um inferno porque sempre fiz o que o meu namorado falava.

- Ouvi dizer que os seus finados pais lhe aconselharam a se afastar deste rapaz, se você tivesse seguido os conselhos deles a sua vida jamais tinha se transformando neste pesadelo, falou o médico.

Brava Micheli falou:

- Doutor já estou cansada de ouvir as criticas das pessoas por isto afaste-se de mim. 

Chorando voltou a sua cela e chorou durante horas sem parar. Ela apenas sentia vontade de morrer para se aliviar desta terrível dor que estava sentindo. No horário do jantar Micheli não se dirigiu ao refeitório da penitenciária, Os seus olhos apenas viam o pequeno espelho que pertencia a sua colega de cela. Quando ficou sozinha neste lugar quebrou o espelho, com um pedaço de vidro cortou os pulsos dos seus dois braços. Passados alguns minutos Nilma voltou à cela, quando viu Micheli toda ensanguentada chamou o carcereiro para socorrê-la. Apesar de perder certa quantia de sangue a moça ainda continuou viva. Ela ficou por cinco dias na enfermaria da penitenciária e depois voltou à cela. Como o doutor havia falado com o resultado dos exames foi confirmada a sua gravidez. No momento que viu a Nilma falou:

- Se você tivesse demorado mais cinco minutos no refeitório eu estaria morta.

- Micheli nunca mais tente se suicidar de novo, você esta grávida e o seu filho tem o direito de viver, falou Nilma.

- Eu detesto crianças, o meu filho me odiara quando souber que ajudei a assassinar os meus pais, falou Micheli.

- Garota você pensa em ódio e vingança o que só prejudicará a sua gravidez, pense no amor e na vida, falou Nilma.

- Mulher você esta conversando com uma assassina, se pelo menos eu morrer ficarei livre deste sofrimento, falou Micheli.

- Menina arrependa-se do seu crime e peça perdão a Deus, falou Nilma.

- Deus é apenas uma figura imaginária, falou Micheli.

- Foi a minha fé em Deus que ajudou a curar a leucemia da minha filha Leila. Com o seu divino amor Deus me ajuda a suportar os sofrimentos desta vida, falou Nilma.

Nilma contou que o seu ex-marido fugiu com outra mulher quando a sua filha tinha dois anos. Passados dez meses esta criança ficou doente, depois que fez vários exames o médico falou que a menina estava com leucemia. Para o seu desespero estava desempregada e não tinha dinheiro para comprar comida, roupas e fazer o tratamento desta criança. Apavorada pensou apenas na vida da sua filha e resolveu assaltar o supermercado para conseguir dinheiro. Aquele assalto foi um fracasso e foi presa pela policia. A sua mãe dona Joelma pediu ajuda da comunidade, com a solidariedade dessas pessoas a menina fez a quimioterapia e se curou desta doença. Nervosa Micheli falou que ficou emocionada com a estória desta mulher e pediu para deixá-la em paz.

Esta moça ficava deitada na cama direto e não conversava com ninguém. Os seus únicos pensamentos apenas a martirizavam porque nunca se perdoaria por ter ajudado a assassinar os seus pais. Passou-se dois dias, no horário de visita apareceu nesta cela uma mulher acompanhada por dois policiais, sorrindo ela falou:

- Eu sou a psicóloga Lídia, o diretor da penitenciária me contou sobre o seu caso, então vim lhe dar alguns conselhos.

- Deixe-me em paz, já estou cansada de ouvir as criticas das pessoas, falou Micheli.

- Garota você esta grávida, pense no futuro desta criança, falou Lídia.

- Os policiais estão me vigiando, quando eu tiver chance me suicidarei, falou Micheli.

- Por favor, pare de falar na morte, pense na vida que você esta gerando, este bebê não tem culpa pelos seus erros. Micheli com a sua juventude você tem muito pela frente, pense muito nas causas e consequências dos seus atos, falou Lídia.

- Durante os anos que eu viver todos me chamarão de assassina, se no Brasil tivesse a pena de morte com certeza eu seria eliminada desta sociedade.

- Micheli procure ajuda médica com urgência, a psiquiatria lhe ajudará a compreender os motivos que a levaram a praticar este crime, falou Lídia.

- Eu ajudei a assassinar os meus pais por causa do dinheiro que receberia como herança depois que eles morressem, falou Micheli.

- Menina tente relaxar, pense em coisas boas, aqui na penitenciária faça aquilo que você gosta como ler livros, escreva cartas e poesias ou converse com as pessoas, falou Lídia.

- Por favor, peça ao policial para me emprestar o seu revolver, assim darei um tiro na minha cabeça, falou Micheli.

- Garota complicada, o maior dom que a mulher tem é poder gerar vida, procure pensar no que é ter um filho, falou Lídia.

Rindo forçadamente Micheli falou:

- Enquanto eu estiver presa nesta cadeia não verei o meu filho crescer.

- Primeiramente pense na sua gravidez, cuide da sua saúde física, tome sol com cuidado e beba muita água. Eu já conversei com o diretor da penitenciária para arrumar um médico ginecologista assim você poderá fazer o pré-natal, falou Lídia.

A psicóloga conversou por mais alguns minutos com a moça e foi embora. Depois desta conversa Micheli continuou com o mesmo comportamento. No outro dia ela continuou deitada na cama, ficou calada e não saiu da cela para tomar sol. Enquanto estava sozinha neste lugar apareceu um padre que falou:

- Bom dia Micheli, eu sou o padre Joaquim e vim conversar com você.

- Droga o senhor esta conversando com uma assassina, por favor, deixe-me em paz, falou Micheli.

- Joelma a mãe de Nilma pediu para eu lhe dar alguns conselhos porque você esta grávida e tentou se suicidar, falou o padre Joaquim.

- Eu sou a dona da minha vida e faço o que  quero com ela, falou Micheli.

- Compete somente a Deus tirar a vida de um ser humano, falou o padre Joaquim.

- Padre Joaquim quando eu morrer irei para o inferno porque ajudei o meu namorado a assassinar os meus pais, falou Micheli.

- Micheli deixe se conduzir pelo próprio Deus a quem devemos confiar para que no seu coração aconteça de fato e na verdade à conversão para que seus pecados sejam também perdoados pelo Pai que esta no céu, falou o padre Joaquim.

- Essas suas palavras bonitas não aliviarão o meu sofrimento, falou Micheli.

- Ficarei feliz se você aceitar esta bíblia como lembrança do padre Joaquim, falou este homem.

Sem graça Micheli pegou a bíblia e falou:

- Obrigado padre Joaquim.

- Para você se sentir aliviada do seu sofrimento leia a bíblia assim o seu coração se abrirá ao amor da Santíssima Trindade, falou o padre Joaquim.

Depois que o padre falou essas palavras ele se despediu da moça e foi embora. Durante várias horas Micheli ficou se martirizando, de repente ela pegou a bíblia, na primeira folha estava escrito a seguinte dedicatória:

“Deus esta presente no sorriso de uma criança,

Na beleza das flores e no cantar dos pássaros.

Deus também esta do seu lado          

Te protegendo e guiando o seu destino

Através dos seus ensinamentos

Que foram transmitidos pelos profetas e por seu Filho Jesus Cristo

Para você ser feliz nesta vida.”

Emocionada ela fechou este livro, depois que se passou alguns segundos o abriu no evangelho escrito por Lucas que falava do nascimento de Jesus Cristo. Ela leu do capitulo 2 -  versículos de 1 ao 20: “O nascimento de Jesus – Naqueles dias, o imperador Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento em todo o império. Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. José era da família de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estava em Belém, se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa. Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: “Não tenham medo. Eu anuncio para vocês a Boa Noticia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. “Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.” De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Gloria a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.”

Quando os anjos se afastaram, voltando para o céu, os pastores combinaram entre si: “Vamos a Belém, ver esse acontecimento que o Senhor nos revelou.” Foram então, às pressas, e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que o anjo lhes anunciava sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles no seu coração. Os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido, conforme o anjo lhes tinha anunciado.”. Emocionada fechou a bíblia, como Nilma estava sentada na outra cama penteando os seus cabelos falou: 

- Nilma gostaria muito de rezar o Pai Nosso, mas, não me lembro como se reza esta oração.

- Com o maior prazer a ensinarei como se reza a oração do Pai Nosso.

As duas rezaram várias vezes esta oração até que Micheli a decorou. No horário do jantar a moça se dirigiu ao refeitório e fez a refeição. No outro dia ela leu mais um trecho da bíblia, com o passar dos dias Micheli se arrependeu do crime que cometeu e pediu perdão a Deus e aos seus pais. Com o passar do tempo se sentiu aliviada do sofrimento e cuidava de sua saúde para o seu filho nascer saudável.

Quando fez seis meses que o casal Adolfo Parelli e Elza Blota Parelli foram assassinados aconteceu o julgamento dos criminosos. Quando Micheli viu Cleiton percebeu que nunca o amou, o que sentiu por este rapaz foi atração física e obsessão. O rosto de sua irmã Silvia demonstrava ódio, o seu Dionísio e dona Augusta não apareceram no fórum porque estavam sofrendo demais com a morte do filho e da nora e a prisão da neta. Fisicamente a moça estava bem e mostrava que estava grávida. Cleiton estava com uma péssima aparência porque havia emagrecido uns doze quilos. Aquele homem bonito e atraente havia desaparecido. Depois de dois dias de julgamento Micheli Parelli e Cleiton Trevisan foram condenados a vinte e sete anos de prisão. No momento que o juiz deu a sentença o rapaz desesperado falou:

- Eu não ficarei preso por tanto tempo, daqui a alguns dias sairei da penitenciária em um caixão.

A moça voltou à penitenciária, quando completou os nove meses da sua gravidez os policiais a levaram a maternidade para nascer o seu filho. Com a ajuda do ginecologista esta criança nasceu de parto normal. Micheli ficou surpresa quando pegou o bebê, pois, era uma linda menina. Contente falou que a chamaria de Joice Parelli. Passadas vinte e quatro horas o médico a avisou que aquela criança seria mandada ao orfanato. Lágrimas saíram dos olhos da Micheli enquanto falava:

- Tomara que a minha filha seja adotada por uma boa família.

Então apareceu na enfermaria do hospital a sua irmã junto com o marido Edson. Friamente Silvia falou:

- Para a minha sobrinha não ir ao orfanato eu cuidarei dela como se fosse a minha filha.

- Obrigado Silvia, por favor, cuide bem da minha filha Joice, falou Micheli.

- Em memória da minha finada mãe eu prometo que darei uma boa educação a esta menina, mas, lhe prometo Micheli que você nunca mais verá a sua filha enquanto estiver viva, falou Silvia.